Imagem da matéria: O que é o metaverso? Entenda o futuro da internet tomado pelos NFTs
Foto: Shutterstock

Se você presta atenção aos mundos da tecnologia, jogos ou cripto, então você pode ter ouvido falar sobre o metaverso antes do fim de 2021.

Mesmo se você não estiver imerso nessas esferas, existem chances de que você já tenha visto um aumento significativo no debate desde que o Facebook anunciou seus grandes planos em construir o metaverso.

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O que é exatamente o metaverso? Bom, isso é difícil de explicar de forma rápida.

Basicamente, é uma visão futura da internet que pode ser mais imersiva e abrangente, com a probabilidade de que headsets de realidade virtual (ou RV) e realidade aumentada (ou RA) tenham um grande papel conforme experiências on-line pareçam mais reais e, possivelmente, substituam algumas atividades do mundo real.

Ainda veremos como o metaverso irá funcionar e quem irá controlá-lo, mas o termo foi recentemente utilizado como um termo guarda-chuva para uma grande variedade de tecnologias progressistas, jogos e iniciativas focadas em tokens não fungíveis (ou NFTs).

Além disso, pode levar anos até que todos estejamos curtindo on-line como avatares. Por enquanto, entenda o que você precisa saber.

O que é o metaverso?

Embora existam outras visões sobre como o metaverso irá funcionar, esta parte parece ser verdadeira: é considerado como a próxima grande evolução da internet, migrando dos atuais sites de texto e ecossistemas frequentemente restritos para espaços 3D compartilhados e sobrepostos em que usuários interagem via avatares.

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Defensores acreditam que o metaverso será usado para uma variedade de coisas, desde socialização a eventos, jogos, compras e, até mesmo, trabalho.

O metaverso não será apenas uma plataforma, e sim uma gama de destinos on-line que serão compatíveis com avatares personalizados e ativos que você poderá movimentar de um lugar virtual para o outro.

A movimentação de ativos pode depender de NFTs e da tecnologia blockchain. NFTs são ativos digitais com escassez programadas e, assim, são uma ferramenta ideal para representar a propriedade de ativos virtuais, como itens de metaverso ou lotes de terrenos virtuais.

NFTs populares, como Bored Ape Yacht Club (ou BAYC) ou CryptoPunks, podem ser transformados em avatares 3D que donos podem levar a mundos do metaverso, por exemplo. Esses ativos virtuais podem ser negociados, personalizados e até monetizados.

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O metaverso como um conceito antecede o atual auge de interesse nele.

O termo “metaverso” apareceu no icônico romance ciberpunk “Snow Crash”, de Neal Stephenson, enquanto “Jogador Número Um”, de Ernest Cline (e, principalmente, sua adaptação cinematográfica de Steven Spielberg) levaram o conceito a um público maior.

O que tem de tão especial no metaverso?

Parte do que você leu acima pode soar familiar. É verdade que jogos de mundos virtuais existem há um bom tempo, principalmente Second Life, lançado em 2003.

Se você joga Fortnite ou Roblox, então você já está familiarizado com a ideia de um servidor compartilhado em que usuários controlam avatares para jogar e socializar.

Uma das principais diferenças entre jogos como esses e o possível metaverso movido por blockchains é a ideia da verdadeira posse de um ativo.

No Fortnite ou Roblox, você paga dinheiro por moedas virtuais que podem ser trocadas por itens digitais, mas continuam nos servidores centralizados da fabricante dos jogos.

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Você não pode revendê-los em mercados terceiros ou movimentá-los entre jogos. É uma transação única e é só isso.

No proposto metaverso de NFTs, você pode possuir coisas, como avatares, terrenos, vestuário digital e outros itens, e migrá-las entre plataformas por meio de sua carteira cripto.

A interoperabilidade é fundamental aqui para startups que estão fomentando a tecnologia: não é sobre apenas ficar preso em uma única plataforma do Facebook, Google ou outra gigante empresa de tecnologia.

Além disso, defensores do metaverso acreditam que irá desbloquear outras oportunidades econômicas para usuários e criadores, seja por meio de videogames “play-to-earn” (como Axie Infinity), criando conteúdo e itens que outros podem adquirir como NFTs, ou até mesmo criar jogos e locais onde usuários podem explorar e aproveitar em troca de uma taxa.

Um metaverso movido por criptoativos pode democratizar melhor a internet e acumular valor significativo aos usuários em vez de serem apenas operadores de plataformas.

Dado que o metaverso é considerado como uma internet mais imersiva, não é surpreendente que headers de RV/RA serão uma forma fundamental de vivenciar mundos 3D.

Meta chama o metaverso de “internet incorporada” que é mais robusta e crível, não apenas por meio de gráficos 3D, mas também uma sensação melhorada de presença digital e interatividade.

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Mas o metaverso não será puramente para headsets: espere que ele também exista em computadores e dispositivos smart.

A Samsung abriu sua própria loja virtual no metaverso (no Decentraland, jogo desenvolvido na Ethereum) por meio de uma recriação digital de sua grande loja na Cidade de Nova York.

Como o metaverso funciona?

Na visão do Facebook sobre o metaverso, usuários interagem juntos em espaços 3D e ter a capacidade de migrar entre diferentes experiências.

Por exemplo, você pode compartilhar uma sala com outros usuários e conversar ou jogar cartas e, em seguida, sair com um amigo para um jogo de surf em 3D.

Dali, você pode ir para uma galeria de arte NFT, um cassino digital ou conferir um show ao vivo. Em seguida, você pode passar um tempo sozinho em sua própria base pessoal e personalizável.

Mas não será apenas o Facebook que estará desenvolvendo experiências: provavelmente, será uma gama de empresas e criadores, tanto grandes como pequenos.

O elemento unificador pode ser o uso de uma carteira cripto ou uma funcionalidade semelhante a um log-in para serviços e acesso a seus ativos.

Seja para equipar um avatar em 3D, jogar com itens internos ou carregar uma locação pessoal que você possui como um NFT, você vai querer acessar suas próprias coisas digitais, não importa onde você esteja.

Em outras palavras, o metaverso não será um destino único operado por uma única empresa ou comunidade.

A previsão é que seja mais aberto que isso, mas tudo desenvolvido em uma estrutura interoperável e possivelmente baseada em blockchain que permite uma fácil movimentação entre locais e espaços.

Decentraland é um atual exemplo da experiência de jogos no estilo metaverso.

O jogo desenvolvido na Ethereum permite que usuários adquiram terrenos (vendidos como ativos NFT) no mundo compartilhado e construam nele, criando coisas como galerias de arte NFT e outras experiências interativas.

É primitivo, em comparação à visão do Facebook, mas funciona e existe há alguns anos.

The Sandbox é um futuro jogo com uma abordagem semelhante, apresentando um design visual à la Minecraft e a capacidade de monetizar terrenos ao criar experiências premiu.

Donos de terrenos podem alugar seus lotes por uma taxa. The Sandbox recrutou uma variedade de celebridades e marcas para seu mundo (de Snoop Dogg, a Adidas e The Walking Dead) e terrenos adjacentes são vendidos por um premium em relação a outros pedaços de terra.

Em dezembro de 2021, alguém pagou quase US$ 450 mil em criptomoedas para comprar o terreno no The Sandbox próximo à vila de Snoop Dogg. O rapper tuitou sobre a notícia: “Isso é uma pechincha”.

Quem está desenvolvendo o metaverso?

Aparentemente, muitas empresas – e a lista continua aumentando ao longo do tempo.

Além do Facebook, vimos a gigante empresa chinesa de tecnologia e jogos Tencent dedicar muitos recursos ao metaverso e a Microsoft disse que sua aquisição planejada da Activision é sobre desenvolver o metaverso.

No setor cripto, existem incontáveis startups e comunidades desenvolvendo partes do metaverso, sejam mundos de jogos, ativos interoperáveis ou infraestrutura.

Já que o conceito do metaverso ainda é bastante nebuloso e difícil de descrever de forma sucinta, parece que quase tudo relacionado a blockchain pode se tornar uma peça do futuro metaverso.

É importante perguntar: quem está comprando no metaverso. Vendas de terrenos digitais dispararam no fim de 2020, chegando a US$ 100 milhões em uma única semana, e vimos vendas multimilionárias de terrenos entre Decentraland e The Sandbox.

Uma empresa em particular, a Republic Realm, está alocando milhões em grandes imóveis digitais, incluindo a compra de um único lote no The Sandbox por US$ 4,3 milhões em novembro de 2021, com planos de desenvolver destinos premium no metaverso.

O futuro do metaverso

Parte do motivo pelo qual o termo “metaverso” parece tão nebuloso agora é porque talvez esteja a anos de distância – pelo menos em sua forma refinada e coesa.

Ainda é o início dos jogos cripto e NFTs e aplicações descentralizadas (ou dapps) movidos por blockchain ainda têm um longo caminho antes de se tornarem acessíveis e fáceis o suficiente para que clientes comuns as utilizem.

O Facebook afirma que sua visão para o metaverso acontecerá nos próximos cinco a dez anos. É muito tempo, mas provavelmente reflete quão distante tudo isso está.

Vai levar muitos anos para desenvolver a infraestrutura para o metaverso, sem mencionar a implementação de melhores práticas, acrescentando interoperabilidade entre plataformas e muito mais.

RV não é popular, headsets de RA não estão prontos para usuários e seu notebook pessoal ou tablet não consegue lidar com mundos 3D populados e super-refinados com facilidade.

No entanto, existe uma enorme oportunidade no futuro. A Bloomberg estima que o mercado de metaverso pode valer US$ 800 bilhões até 2024.

A Grayscale, por outro lado, vê o metaverso como um possível mercado de US$ 1 trilhão, mas não especificou quando. Novamente, muito do metaverso ainda é incerto, mas investidores e startups já estão visualizando os cifrões.

Mesmo se a ampla visão do metaverso estiver a anos de distância, você pode ter um gostinho dele atualmente em aplicativos como Decentraland e CryptoVoxels, por exemplo.

Sem dúvidas, veremos um crescimento rápido, porém gradual em outros lugares nos próximos meses e anos. Pode demorar muito até estarmos realmente “vivendo” no metaverso, mas deve ser bem interessante vê-lo tomar forma nos próximos anos.

*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.