Vitalik Buterin se inspira em World of Warcraft para propor novo modelo de NFTs inegociáveis

Buterin defende que os NFTs devem ser usados para representar quem você é e não apenas o que você pode pagar
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NFT

O popular jogo de RPG World of Warcraft (WoW) serviu de inspiração para Vitalik Buterin propor um novo modelo de tokens não fungíveis (NFT).

O cofundador do Ethereum publicou no seu blog pessoal um artigo em que defende a necessidade de existir NFTs que não possam ser negociados em mercados secundários. 

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Esses NFTs seriam como itens soulbound do WoW, presos à alma de seu detentor original. O recurso foi implementado em itens do jogo para impedir que eles fossem vendidos para outros jogadores que não tiveram o real esforço de conquistá-lo.

“O objetivo da mecânica é bastante claro: mantém o jogo desafiador e interessante, certificando-se de que, para obter os melhores itens, você realmente precisa fazer a coisa mais difícil e descobrir como matar o dragão. Você não pode simplesmente matar javalis dez horas por dia durante um ano, obter milhares de ouro e comprar a armadura mágica épica de outros jogadores que mataram o dragão para você”, explica o desenvolvedor.

Esse mecanismo, portanto, comprova que o detentor realmente “lutou” para obter determinado item, que pode tanto ser algo que só existe no mundo virtual, como uma armadura mágica épica ganha após derrotar um dragão, como se fosse algo do mundo real, como um diploma ou carteira de motorista.

O problema é que ainda é difícil fazer essa comprovação nos moldes atuais dos NFTs. Por exemplo, se alguém mostra que tem um NFT que só pode ser obtido fazendo X, você não consegue ter certeza se realmente essa pessoa fez X ou se apenas pagou outro para fazer por ela. 

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A transferibilidade de NFTs, no entanto, é o que movimenta o mercado e garante “valor” para o item. “Mas e se quisermos criar NFTs que não sejam apenas sobre quem tem mais dinheiro, e que na verdade tentem sinalizar outra coisa?”, provoca Buterin.

A aplicação dos NFTs soulbound

O desenvolvedor trouxe como exemplo o trabalho do POAP, “protocolo de comprovação de presença”, que permite que projetos enviem NFTs que indicam que o destinatário participou pessoalmente de algum evento. Mas mesmo assim, não há um mecanismo que impeça que eles sejam transferidos entre participantes da rede.

Segundo Buterin, POAP é um excelente exemplo de NFTs que funcionam melhor se pudessem ser soulbound já que não teriam tanto apelo para movimentar um mercado secundário.

“Tornar mais itens no espaço cripto “soulbound” pode ser um caminho para uma alternativa, onde os NFTs podem representar muito mais quem você é e não apenas o que você pode pagar”, conclui Buterin.

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Solução para DAOs

O desenvolvedor ressalta que esse não é um problema limitado ao mundo dos NFTs e também é um empecilho para a saúde de organizações autônomas descentralizadas (DAO) que permitem que a comunidade participe das tomadas de decisão do projeto.

Esse direito é garantido aos detentores de token do protocolo. O problema aqui é a dificuldade de impedir que um único detentor adquira tokens de outros participantes para manipular uma decisão que deveria ser coletiva.

“Se o objetivo é que o poder de governança seja amplamente distribuído, a transferibilidade é contraproducente, pois os interesses concentrados são mais propensos a comprar os direitos de governança de todos os outros”, finaliza Buterin.