Tokenização é a evolução do mercado e dará mais acesso ao crédito, diz CEO da 2TM

Durante o evento Fintech Summit, CEO da 2TM e executivo do BTG Pactual destacaram a evolução do mercado cripto brasileiro e o importante papel da tokenização
Arte mostra imagem do espaço mirando a Terra envolta a uma rede de sinais holográficos

Shutterstock

Apesar de ainda não ser tão conhecido do público geral como o Pix, o Drex (nome do real digital) tem um grande potencial e será a base para o futuro de uma economia tokenizada. Essa foi a visão destacada por Roberto Dagnoni, CEO do grupo 2TM — que controla o Mercado Bitcoin — durante o evento Fintech Summit 2024 realizado na última sexta-feira (8) em São Paulo.

Segundo ele, o Banco Central é um grande exemplo de regulador que está ajudando o setor de criptoativos ao avançar projetos ligados a blockchain e permitir que novas tecnologias sejam aproveitadas.

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“Como tem dito Roberto Campos Neto [presidente do BC], todos os contratos e todos os ativos financeiros serão tokenizados, estarão on-chain, acho que esse é o principal conceito pessoal para gravarmos, essa é a mudança de negócio que está se apresentando”, destacou Dagnoni sobre o avanço do Drex no país.

O executivo explica que atualmente a tokenização é um processo que envolve pegar um “ativo analógico” e transformá-lo em digital. No entanto, com o avanço da regulamentação do BC, esses ativos já nascerão digitais, o que acelerará o processo de adoção.

“O principal ponto [da tokenização] é o acesso, a evolução do mercado de capitais, mais acesso a crédito, principalmente no Brasil longe da Faria Lima, que tem menos condições”, avalia.

Participando do mesmo painel, André Portilho, head de digital assets do BTG Pactual, também afirmou que a “tecnologia está trazendo uma dinâmica diferente para o mercado”. “Nós não conseguimos entender tudo e aprender tudo. Por isso temos que estar muito aberto para fazer negócio, ver o que está acontecendo”, disse.

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Segundo ele, foi importante para o BTG aceitar o avanço das fintechs e abraçar as novas tecnologias, sem ver isso como competição, mas como oportunidade. “Temos que estar junto, temos que aprender, e o que conseguimos colocar na mesa. E acho que até agora está funcionando muito bem”, ressaltou Portilho.

O executivo do BTG ainda ressaltou as parcerias com outras empresas: “Eu e o Roberto [Dagnoni, CEO da 2TM] temos um relacionamento antigo, somos cliente deles e eles são clientes nossos, sempre conversando como podemos fazer produtos, como podemos impactar a regulação”.

“Acho que o trabalho que o Mercado Bitcoin fez ajudou muito o que está acontecendo na parte de regulação da CVM. O Roberto conseguiu fazer uma coisa com o Mercado Bitcoin que nós não íamos conseguir, porque, querendo ou não, como startup ele tem um pouquinho mais liberdade do que nós como um banco”, afirmou Portilho.

Evolução do mercado e corte de custos

Dagnoni destacou ainda a evolução que o mercado cripto tem passado. Segundo ele, enquanto em 2018 os grandes bancos estavam fechando as contas de empresas de criptomoedas, hoje já existe propaganda dessas empresas oferecendo produtos cripto. “Essa fase de preconceito com blockchain já passou, isso é um grande primeiro passo”, disse.

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Além disso, o executivo da 2TM reforçou o papel da tokenização e o quanto o mercado está crescendo: “Nós fazemos tokenização desde 2019, fizemos a primeira de precatório, hoje nós distribuímos um token para o investidor em Portugal pagando euro mais 8% com o colateral de um ativo aqui no Brasil. Esse cross-border é fantástico, já fizemos R$ 500 milhões de tokenização”.

Porém, ele ressalta que ainda há muito para melhorar. “Ainda custa caro fazer uma debênture hoje, um FIDC é muito parecido com o que custava no ano 2000, isso não faz sentido. A tecnologia evoluiu muito e os instrumentos, o custo de estruturação, é praticamente o mesmo de 20 anos atrás. Então, não estamos falando necessariamente em eliminar etapas, mas em usar tecnologia para reduzir custos e acelerar o processo”, disse Dagnoni.

“Esse trabalho conjunto é muito bom, muda a regulação, tem muita coisa para ser feita, mas estamos em um momento único”, completou Portilho. “Um momento regulatório que eu nunca vi na minha carreira de 30 anos de mercado financeiro, tanto da CVM, quanto do Banco Central, da abertura para a inovação e de como que isso traz benefício para o mercado e para a sociedade.”