Tether vem tomando o lugar do Bitcoin na Argentina

Contra a inflação, as criptomoedas avançam nas sociedades financeiras de Buenos Aires
Imagem da matéria: Tether vem tomando o lugar do Bitcoin na Argentina

Foto: Shutterstock

A adoção das criptomoedas na Argentina está indo muito além do Bitcoin, que já até recebeu o apelido de ‘Bitcoin Blue’, em alusão ao ‘dólar azul’, como é chamado o dólar paralelo no país. Agora uma criptomoeda na modalidade stablecoin, ou seja, que mantêm seu preço atrelado ao dólar americano, também está virando um dos ativos favoritos entre os cidadãos.

O fenômeno evidencia a dimensão dos desafios enfrentados pela regulamentação cambial do país, comentou o Infobae em uma publicação sobre assunto na quinta-feira (18).

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Segundo o site, a estrela entre as criptomoedas na Argentina, no entanto, não é o maior criptoativo do mundo, o Bitcoin (BTC), mas sim a Tether (USDT), que além de ser a mais usada da modalidade globalmente é também a de maior valor de mercado — de US$ 73 bilhões. “Ela serve como substituta da passagem física”, diz a reportagem.

Jovens e adultos usam criptomoedas

Outro ponto revelado pelo Infobae é que agora não são somente os jovens entusiastas das criptomoedas, mas os mais adultos também reconheceram a nova tecnologia como uma alternativa para fugir da alta inflação no país e também para enviar e receber dinheiro do exterior.

“Quase não há mais clientes jovens”, disse ao Infobae um doleiro identificado por MD. Segundo ele, os jovens se tornaram autônomos e já lidam com criptomoedas por conta própria. “No máximo nos chamam para comprar ou vender USDT ”, ressaltou o doleiro que afirmou não cobrar a taxa de visita.

Há décadas trabalhando com a atividade no câmbio paralelo o doleiro diz que o movimento não para. “É o jeito que eles acharam para não usar contas bancárias ou de corretoras e assim sem deixar absolutamente nenhum vestígio detectável pela AFIP (Receita Federal da Argenttina)”. 

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Segundo o Infobae, em La Plata a coisa é diferente. Lá, os operadores de câmbio paralelo cobram 3% de taxa tanto para compra quanto para venda de criptomoedas. E tanto faz se é bitcoin, ethereum, cardano ou USDT, que na capital a taxa não ultrapassa 1%. 

Dos cidadãos aos grandes negócios

De acordo com a reportagem, as criptomoedas não estão apenas chegando aos cidadãos e pequenas empresas, mas também avançou nas sociedades financeiras do centro de Buenos Aires.

É lá onde o preço dos ativos no mercado paralelo são definidos, diz o Infobae. Um exportador de serviços para o exterior agora recebe 200 pesos por dólar ante aos 100 recebidos pelo  mercado formal, acrescenta o site, lembrando que já desta forma a atividade é punível por lei.

E também é desta forma que os argentinos fogem de ações do governo em desfavor ao mercado de criptomoedas, como as corretoras do setor que estão sob pressão da AFIP, que tem solicitado uma declaração juramentada dos relatórios financeiros de ‘grandes usuários’.

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Fora isso, o Banco Industrial (BIND), que atende a maioria das empresas do setor, tem pedido o encerramento de várias contas. Vale lembrar que pelo menos desde maio deste ano vinha sendo cogitado que a Receita argentina faria uma ação pedindo tais relatórios