Receita Federal começa a usar Inteligência Artificial e outras ferramentas para fiscalizar criptomoedas

A Receita Federal também alertou que domínio da stablecoin USDT no Brasil pode ter “implicações significativas no cenário tributário e regulatório”
Celular com logo da Receita Federal e Bitcoin e criptomoedas do lado

Shutterstock

A Receita Federal está utilizando inteligência artificial (IA) e outras ferramentas para fiscalizar o mercado de criptomoedas do Brasil. As informações foram divulgadas pela entidade em um material publicado em seu site na quarta-feira (25).

Segundo o comunicado, o monitoramento do mercado cripto foi fortalecido com análises de redes de dados e uso de IA para identificar pontos onde deveria estar ocorrendo arrecadação de impostos.

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“O sistema da Receita Federal faz uso de modernas técnicas de processamento de dados, inteligência artificial e análise de redes complexas. Essa ferramenta acaba de ganhar nova funcionalidade desenvolvida para representar relacionamentos entre operadores, o que deve facilitar uma análise na busca de irregularidades tributárias”, afirma a Receita.

Esse sistema já produziu um dado novo: a Receita conseguiu identificar em quais regiões do Brasil ocorre maior atividade com criptomoedas.

A entidade produziu um mapa de calor, apontando que a atividade é feita em grande parte no sudeste, mas que a região sul tem focos importantes. O nordeste também surge com atividade relevante na compra e venda de criptomoedas.

Veja abaixo o mapa de onde ocorrem as transações com criptomoedas no Brasil:

Fonte: Receita Federal

De olho nas stablecoins

Outro ponto muito destacado no material da Receita Federal é que o governo está observando de perto o fenômeno do domínio do mercado cripto local pela stablecoin USDT.

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A Receita fez um gráfico para demonstrar como a stablecoin da Tether passou o Bitcoin em valor acumulado de transações no meio de 2022. Para a entidade, é importante que o domínio de mercado de uma moeda com paridade ao dólar seja analisada de forma especial.

“Essa mudança [troca do Bitcoin pela USDT] merece atenção, pois pode ter implicações significativas no cenário tributário e regulatório das criptomoedas no país”, afirmou.

Histórico de dominância das principais criptomoedas no Brasil (Imagem: Receita Federal)
Histórico de dominância das principais criptomoedas no Brasil (Imagem: Receita Federal)

Vale ressaltar que os números usados para o gráfico são dos valores acumulados. Em janeiro de 2022, por exemplo, a USDT movimentou R$ 7,9 bilhões, enquanto o Bitcoin “apenas” R$ 2,1 bilhões. Porém, a criptomoeda de Satoshi Nakamoto ainda tinha mais volume no balanço geral.

Atualmente, a Receita estima que desde 2019, brasileiros negociaram R$ 271 bilhões em USDT contra R$ 151 bilhões em Bitcoin.