No planeta Ômega, a velocidade é o poder e quem ganhar sua competição de corrida vai dominar o mundo.
Essa é a premissa do projeto de ficção científica multimídia e Web 3 “Runner”, criado por Bryan Unkeless, Cedric Nicolas-Troyan, Bryce Anderson e Blaise Hemingway.
Runner irá existir como uma história em quadrinhos, um projeto de fotos de perfil (ou PFP, na sigla em inglês) na forma de tokens não fungíveis (NFTs), um videogame e, no futuro, um seriado de TV pela produtora de Unkeless, a Clubhouse Pictures.
Unkeless, Hemingway e Anderson falaram com o Decrypt sobre a criação do mundo de Runner na Web 3.
“Embora nossa história central foque em alguns personagens, foi uma desdobramento natural analisar PFPs como uma forma de realmente começar a criar identidades específicas em nosso mundo”, explicou Unkeless sobre a criação de NFTs.
Mas Runner não é mais um projeto NFT, com fundadores anônimos e roadmaps superambiciosos. Os criadores do Runner têm bastante experiência em Hollywood e estão colocando seu nome em jogo.
No fim do dia, querem abalar a forma como uma história é contada na era da internet.
Além de ter produzido “Jogos Vorazes” e filmes como “Bright”, “Birds of Prey” e “I, Tonya”, Unkeless está empolgado sobre o potencial da Web 3 em mudar a indústria do entretenimento. Personagens do Runner, assim como muitos no setor Web 3, estão tentando ir contra “estruturas de poder já estabelecidas”.
Hemingway trabalhou em Hollywood como roteirista de inúmeros filmes, como “Playmobil: O Filme”, “Clifford, o Gigante Cão Vermelho” e a futura adaptação cinematográfica do jogo de tabuleiro “Descobridores de Catan”.
Quando se tratou de desenvolver o ímpar e conceitual mundo de ficção científica de Runner, foi realmente um esforço colaborativo.
“Cedric teve essa ideia de carros [em Runner] que também conseguiriam se abrir e se mover por buracos de minhoca durante uma corrida”, explicou Hemingway.
Por ser o escritor do projeto, Hemingway acredita que uma história que se trata de veículos de corrida precisa ter altas e contínuas apostas — por isso, o vencedor da corrida Ômega é coroado como o imperador do mundo.
De uma perspectiva temática, Runner remete a elementos do futurismo — o movimento artístico da Itália que espalhou a crença de que a velocidade e a tecnologia eram tudo.
A rejeição radical do futurismo pelas estruturas históricas de poder e a paixão pela reinvenção também se alinham à filosofia da Web 3 como um todo.
“Na Web 3, conseguimos ser bem ágeis”, explicou Hemingway, acrescentando que criar um projeto sem o conjunto de regras da indústria tradicional do entretenimento permite que os fundadores do Runner se adaptem rapidamente ao feedback da comunidade.
Embora também venha de Hollywood, Anderson é um participante ativo dos setores Web 3 e NFT, tendo emitido diversos NFTs da coleção Bored Ape Yacht Club em maio de 2021.
“Sabíamos que queríamos criar um mundo em que dez mil histórias podiam ser criadas”, explicou Anderson sobre Runner. “Vimos o quadrinho como uma forma de ajudar a guiar pessoas sobre a história […] e usá-la como uma mitologia de base que todos na comunidade possam se envolver”.
Agora que os fundadores da Runner estão imersos nas comunidades Web 3 e NFT, Unkeless acredita que é um projeto forte porque a equipe está começando com sua história, e não sua arte.
“O desafio, sinceramente, de diversos projetos de Web 3, é que têm visuais inacreditáveis e que até têm ótimos mundos criados, mas ainda não necessariamente têm o conceito e as construções abrangentes que se adequam a diferentes meios”, explicou Unkeless.
“O que esperamos é ter conhecimento e experiência suficientes [do setor] de filmes, televisão e jogos para sabermos o que funciona aqui”, disse.
À medida que membros da equipe Runner trabalham para criar sua história e seu universo de alta velocidade, a competição já começa a surgir.
Metatheory, do cofundador da Twitch, Kevin Lin, arrecadou US$ 24 milhões para desenvolver sua franquia de ficção científica Duskbreakers, que existe como uma coleção de PFPs em NFT no Ethereum e também tem planos de lançar um quadrinho e um videogame.
Embora NFTs sejam um elemento central do projeto Runner, sua equipe não tem tanta certeza se Hollywood está pronta para acolher a nova tecnologia, apesar de alguns produtores independentes estarem recorrendo à tecnologia.
“A indústria cinematográfica está pronta para acolher NFTs? Não está. Muitas partes não acolhem nem streaming, super-heróis ou câmeras digitais”, tuitou Anderson. “Mas qualquer coisa que funcionar para o público irá funcionar para Hollywood”.
*Traduzido por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.