Os golpes são tão antigos quanto as relações humanas, e evoluíram ao longo do tempo conforme novos mecanismos de troca eram desenvolvidos para que a concretização de transações comerciais e financeiras fossem facilitadas e potencializadas. Com as novas tecnologias, novos esquemas fraudulentos também são constituídos.
Um dos esquemas mais famosos é a pirâmide financeira, que pode ser retratada pelo mais famoso caso envolvendo esse tipo de golpe: o Esquema Ponzi, no qual investidores prometem grandes retornos sobre seus investimentos, mas, na verdade, pagam os participantes no esquema com fundos de novos investidores e não com lucros legítimos.
Em um determinado momento, a pirâmide fatalmente desmorona. E, nesses casos, quase todos saem perdendo, exceto um pequeno número de articuladores da fraude.
Esse tipo de pirâmide também se notabilizou por tirar uma fortuna de vários investidores de criptomoedas pelo mundo, especialmente dos menos experientes. Com o retorno da valorização das criptos no começo de 2023, o alerta para identificação de possíveis esquemas de pirâmide e outras fraudes volta a ser ligado.
Especificamente no esquema de pirâmide no mundo cripto, o sistema se mantém de pé com dinheiro de novos entrantes financiando os que aderiram antes ao projeto de constituição da moeda digital, sem que haja nenhum projeto ou moeda, de fato, garantindo valorizações e retorno aos envolvidos.
Por isso, é preciso estar atento e identificar os principais traços de um esquema fraudulento para evitar prejuízos. Desprezar os sinais pode ser um erro fatal para quem aplica a fim de aumentar seu patrimônio. O descuido pode causar exatamente o contrário.
Para identificar um esquema desses, o investidor precisa analisar alguns pontos. Saiba quais;
Ofertas não solicitadas
O investidor deve desconfiar de telefonemas, e-mails ou mensagens em redes sociais que não foram solicitadas e que oferecem investimentos ou solicitam informações pessoais.
Esse primeiro contato costuma ser o grande chamariz para golpes bem articulados, que podem contemplar o pedido para depósito de dinheiro ou a entrega de dados sensíveis. Isso tudo para que o investidor tenha acesso a uma suposta oportunidade de negócio que se apresenta como infalível e com lucros exuberantes.
Promessas de alto retorno
O retorno acima do que o mercado oferece é outra característica comum a esse tipo de golpe. Os investimentos legítimos em criptomoedas carregam algum nível de risco, e qualquer investimento que prometa altos retornos com pouco risco provavelmente é uma farsa.
É preciso que o investidor entenda perfeitamente os riscos envolvidos. Se a empresa ou o propagador da ideia não tiver essa resposta, deixe ligado o seu alerta.
Pressão para investir logo
Os golpistas têm por hábito pressionar a vítima para que ela invista rapidamente, sem dar tempo para que ela raciocine ou procure alguma ajuda para esclarecer pontos obscuros do negócio.
No caso das criptomoedas, geralmente, essa ação está acompanhada de um discurso que garante que a janela de oportunidade está para ser fechada e que, em pouco tempo, fazer parte disso sairá muito mais caro ou se tornará inviável.
Esse medo de ficar de fora de um grande negócio acaba empurrando as pessoas para as piores decisões, sem que consigam entender onde estão aplicando seu patrimônio, mas procurando agir antes que a oportunidade passe sem que ele tenha embarcado.
Solicitação de dados sensíveis
Os investimentos legítimos em criptomoedas, geralmente, não exigem que o investidor forneça informações como dados bancários. Portanto, atente-se a quem solicita esse tipo de informação.
Já a solicitação de dados pessoais, como CPF e RG, são comuns, e realmente necessárias para a abertura de contas para a operação de criptoativos. Mesmo diante da necessidade de ceder essas informações, o investidor deve fazer isso com cuidado, tendo certeza que a empresa é idônea.
Diante da banalidade do trânsito de dados pessoais no Brasil – quando o CPF é requisitado para quase toda compra no varejo -, as pessoas perderam a sensibilidade sobre a importância de manter em sigilo seus dados e entregá-los apenas a empresas sérias, e em situações que são realmente necessárias.
Portanto, é preciso tomar cuidado para não passar os dados para uma empresa da qual pouco se sabe, ainda que sejam dados pouco sigilosos. Com número de celular, endereço de e-mail e outros dados em mãos, um fraudador é capaz de arrancar do investidor outras informações (mais sigilosas, como dados bancários e financeiros) por meio de golpes conhecidos como phishing.
Além disso, é preciso, evidentemente, recusar qualquer solicitação direta de informaões que permitam a terceiros acessarem valores em contas bancárias.
Falta de transparência
Negócios bons precisam ser cristalinos, ou seja, com explicações claras e detalhadas sobre os riscos e potenciais de ganho envolvidos. O investidor deve, como proteção, desconfiar de empresas ou indivíduos que não desejam ou não podem fornecer informações sobre o negócio.
No caso das criptomoedas, as empresas precisam entregar informações ao eventual participante do projeto sobre os membros da equipe que foram responsáveis pela criação da moeda, além de especificidades e histórico do investimento, ou seja, comprovantes que atestem transações anteriores e outras informações.
Não conformidade regulatória
É importante procurar sinais de conformidade regulatória, como licenças ou certificações, e verificar se a empresa ou seus representantes estão registrados em algum órgão regulador, como um CNPJ registrado no Brasil. Caso isso não seja possível, não embarque na aventura. Informação é poder, e quem não sabe onde e com quem está fazendo negócios, tem grande risco de perder tudo que apostou.
Sobre a autora
Isabela Rossa é country manager da CoinCloud no Brasil