Johann Steynberg, um sul-africano procurado pela Organização Internacional de Polícia Criminal (Interpol) por liderar um grande esquema de pirâmide financeira com bitcoin na África do Sul, foi encontrado e preso em Goiânia na última quarta-feira (29).
Steyberg estava escondido no Brasil desde dezembro de 2020, mas levou um ano para as autoridades descobrirem sua localização exata.
“Após um trabalho intenso de identificação e acompanhamento, e com o auxílio de informações repassadas pela Polícia Federal, foi possível identificar e abordar o suspeito, que no momento da abordagem apresentou documento falso”, diz a nota dos policiais do Grupamento de Intervenções Rápidas Ostensivas (Giro), responsáveis pela operação desta semana.
O sul-africano foi preso na região Alto da Glória e levado para a Superintendência da Polícia Federal em Goiânia. No momento da prisão, as autoridades fizeram uma vistoria na casa onde o sujeito estava escondido e apreendeu outros dois documentos falsos, dois notebooks, um celular e seis cartões de crédito.
Os golpes de Johann Steynberg
Johann Steynberg era o CEO da Mirror Trading International (MTI), empresa com sede na África do Sul acusada de ser uma pirâmide financeira associada a criptomoedas.
Através do seu negócio, Steynberg cobrava um depósito de no mínimo US$ 100 em bitcoin dos investidores, com a promessa de oferecer a eles 10% do valor todos os meses. “Tudo que você precisa fazer é sentar e relaxar”, informava a Mirror Trading International no site.
O empresário fundou em abril de 2019 a empresa que explicava operar com um “software digital avançado e inteligência artificial (IA) para negociar nos mercados internacionais de Forex”.
O modelo de negócio era parecido com o de outras empresas brasileiras suspeitas de pirâmide, como Atlas Quantum e Binary Bit.
Em setembro do ano passado, no entanto, Steynberg parou de pagar os investidores. Poucos meses depois, a Financial Sector Conduct Authority (FSCA, a Comissão de Valores Mobiliários da África do Sul) entrou com ações criminais contra a MTI.
Os reguladores acusaram a empresa de funcionar sem licença e conduzir uma operação ilegal, enganando clientes e violando várias leis do país.
A estimativa é que a suposta pirâmide financeira tenha movimentado ilegalmente cerca de 16.444 bitcoins de milhares de investidores. De acordo com FSCA, o possível esquema fraudulento nunca teve um dia sequer de lucro e pode ter perdido 80% dos bitcoins captados de forma ilegal.