Uma pirâmide financeira nunca cai. Ela sempre se conclui. A tese foi apresentada pelo advogado Artêmio Picanço, especialista em atender vítimas de fraudes com criptoativos, durante palestra na Bitsampa neste domingo (11).
Com isso, o advogado aponta que os estelionatários já têm em mente que um dia a situação será insustentável e trabalham do dia um do projeto sabendo que a pirâmide será concluída em algum momento.
“Vamos tirar uma mística aqui: pirâmide não cai e não quebra, ela se conclui e se finaliza”, afirma Picanço.
Além disso, o advogado afirma que existe um grande ecossistema de pessoas envolvidas na fraude. “É uma indústria em que existe investidor anjo, existem stakeholders (pessoas que estão envolvidas no negócio e participam da cadeia), e quando a pirâmide se conclui, aquelas pessoas migram de um caso para outro”, diz.
Um ponto observado pelo advogado é de que as pirâmides têm um sistema de captar dinheiro agressivamente no final do seus ciclos. Dos R$ 1,4 bilhão movimentados pela Braiscompany, R$ 800 milhões foram aplicados no último, aponta ele.
“Todas elas antes de ir embora tem um último voo de galinha. Toda pirâmide pouco antes de se concluir, gera um FOMO, expressão em inglês para o sentimento de fazer as pessoas terem medo de estar perdendo algo. A GAS, pouco antes de concluir, disse que iria diminuir a rentabilidade para aportes feitos depois de determinado dia de 10% para 5%. Isso fez acontecer uma injeção intensa de capital na pirâmide”, afirma.
Na Braiscompany, criou-se o Token Brais em dezembro e a barreira de entrada foi reduzida de R$ 5 mil para R$ 1 mil. Em fevereiro a pirâmide parou de pagar totalmente.
O advogado ainda destacou que grande parte do dinheiro em pirâmides é de pessoas que sabem que se trata de um golpe: 25% é “dinheiro sujo”, de pessoas que sabem do que se trata e convencem outros a entrarem, segundo suas pesquisas.