Bob Burnquist é um dos maiores skatistas do Brasil, dono da maior coleção de medalhas da história dos X Games e de uma Mega Rampa no quintal de sua casa.
Mas além de ser uma lenda no seu esporte, Burnquist também passou se aventurar para fora das pistas de skate e ocupar seu espaço no meio cripto, seja criando coleções de NFT ou ensinando a tecnologia blockchain para crianças através do seu projeto Cripto Cria.
Quando esteve no NFT.Rio na última quinta-feira (30) na 1ª exposição internacional de NFTs no Brasil, Burnquist falou sobre suas aventuras no meio cripto em entrevista exclusiva ao Portal do Bitcoin. Confira abaixo:
De onde surgiu o interesse pelo mundo cripto? Quando e como você comprou seu primeiro bitcoin?
O meu primeiro contato com cripto foi no final de 2016, começo de 2017 mais ou menos. Eu já tinha ouvido falar antes, mas quando vi uns amigos estavam comprando, eu decidi investir também. Acabei comprando 2 bitcoins, custou por volta de US$ 2,3 mil na época. Ai eu surfei a onda de 2017 e vendi no final daquele ano por US$ 22 mil, e achei que tava arrasando: pô esse negócio é bom. Foi engraçado que eu vendi para fazer o Natal da família, comprar presentes. Então meu primeiro contato foi mais uma relação de investimento e venda. Eu não tinha entendido o bitcoin ainda.
Já tinha ouvido falar de Ethereum, mas como era muito novo não compreendi de fato e vendi tudo. Deixei lá uns US$ 100 na carteira e sai fora, porque logo na sequência caiu para caramba, foi meio o que está acontecendo agora.
Mas fiquei acompanhando. Vi o início do DeFi Summer e o papo de NFT com Cryptokitties, alguém tinha me mostrado e eu achava louco que alguém comprava isso.
Mas quando começou a aparecer os NFTs na arte e eu comecei a entender o que seria blockchain, aí eu vi que tinha um porquê de prestar mais atenção e talvez montar um projeto nesse estilo.
Você levou um tempo para lançar sua própria coleção. Como foi esse processo de criação?
Ao invés de sair correndo e lançar um NFT do nada e vender por 1 ETH, eu preferi esperar e entender como ia fazer. Qual seria o protocolo… fiquei uns seis meses estudando.
Como eu já estou acostumado a lançar marca no mundo do skate, eu vejo que um projeto de NFT é como uma marca, você não sai lançando de qualquer jeito, você pensa se constrói uma narrativa. Então na hora de lançar o NFT, eu entendi que tinha ter uma história por trás. Montei o bobburnquist.io e dei uma identidade.
Eu também estava preocupado sobre qual rede iria lançar os NFTs. Eu vi que a Tezos era uma rede que tinha uma comunidade brasileira forte, com um baixo gas fee e dava para lançar os NFTs mais em conta, o que seria mais acessível aos meus fãs do Brasil.
Minha ideia também não era pegar o valor logo na primeira venda. Se vendesse por US$ 2 mil, o pessoal iria revender por quanto!? Então quando eu fui lançar o NFT, comecei por US$ 4 mais ou menos.
Essa coleção Burnquist Gold que você está falando, como ela funciona na prática?
A minha ideia no Gold foi lançar 1.618 edições do NFT por causa da proporção Áurea. Os NFTs funcionam como uma moeda de acesso que eu vou construindo um monte de benefícios em cima. Então até hoje eu estou construindo essa coleção.
Hoje no evento, por exemplo, eu divulguei que os cinco detentores de Burnquist Gold que entrassem em contato comigo iam ganhar um ingresso. Em eventos de skate é a mesma coisa, eu costumo chamar quem tem NFT Gold e dar pulseira vip.
Aí nos próximos vezes, eu fui fazendo drop só para quem tinha o Gold. Eu lancei outra coleção mais no estilo de card colecionável dedica aos detentores de Gold.
E vou lançando NFTs neste estilo, geralmente construídos na Tezos. Eu fiz algumas colaborações que foram lançadas na Polygon. Agora eu estou fazendo uma parceria com a Reserva, com os NFTs Pistol Birds, que também é na Polygon e está sendo lançada na OpenSea.
O valor que você vê nos NFTs é uma maior conexão com seus fãs então?
Foi meio que nessa onda que eu quis entrar. Teve um pensamento de ter uma maior ligação com fãs que não tinha antes sem o NFT, então não é algo simplesmente para fazer dinheiro.
Às vezes vem um e outro que diz não acreditar que NFT tem valor, mas eu comecei a vender barato, por cinco dólares, foram várias edições com um custo baixo e eu vou construir esse valor.
E outra: não é que é cinco dólares, é 1.618 Tezos (XTZ), por exemplo. O Tezos que está valendo agora esse um dólar, antes tava quatro ou cinco. Eventualmente, esse mesmo protocolo que eu acredito ser um gigante adormecido pode acordar e vir a valer muito. As pessoas não dão muita atenção mas ele está ali, o modelo de negócios dele é muito bom.
Então é isso, nesse processo de compra de NFT você também está acreditando no protocolo, é como você ter uma ação de uma empresa que pode valer mais no futuro. É essa a ideia.
Você tem alguma equipe por trás que te ajuda a lançar os NFTs e entender esses detalhes de cripto?
Na parte de cripto, eu faço tudo na questão de entender com o que eu estou lidando. Mas a parte de construir o NFT, eu tenho o Mike Cruz que trabalha comigo que entende sobre arte 3D, então nós fazemos junto. A gente vai lá no Discord, divide tela e eu fico construindo com ele.
Agora, na parte de estratégia, de qual NFT eu invisto, tudo isso vem de mim. A história toda do bobburnquist.io, a identidade, a mensagem, também foi uma produção minha.
Você parece estar tentando levar o lado educacional de cripto para seu projeto Skate Cuida. O que vocês estão fazendo por lá e o que é o Cripto Cria?
Com esse setor expandindo, pensei em envolver o meu instituto Skate Cuida na história. Lá estamos usando tudo que está surgindo na Web3 para educar e mostrar para as pessoas uma nova forma de transacionar.
O Cripto Cria surgiu da necessidade. Quando lancei o projeto na Tezos, eu vi que precisava de educação. Falamos que estamos na Web3, mas ainda tem poucas pessoas que entendem isso e são essas pessoas que eu quero aproximar e trazer para dentro. Eu então pensei em criar o Cripto Cria, via instituto Skate Cuida.
Todo mundo que nunca usou cripto é um Cripto Cria. Se você tem 70 anos ou 10, você é um cripto cria se é novo no pedaço. Nós entramos nessa pegada de tentar educar e fazer essa conexão.
Como eu já trabalho no Instituto com uma molecada, nós estamos unindo a tecnologia com skate e trazendo projetos para mostrar as possibilidades, fazer uma mentoria de caminhos novos.
O Cripto Cria então é um projeto que dá aulas para crianças?
O instituto costuma funcionar assim. Nós encontramos projetos com potencial e fazemos parceria para direcionar o conteúdo para nossa base. Eu consigo captar, fechar as parcerias e ir fazendo as ações.
Nós fizemos uma primeira parceira do Cripto Cria com o Impact, que é um projeto que leva aula de programação e tecnologia para as comunidades.
O projeto Impact foi o primeiro. Depois entrou o Rodrigo Koshino, um artista brasileiro que fez uns vídeos para explicar melhor o que era Web3, passar informação.
Eu também fiz uns eventos com a Funart e UFRJ onde nós fizemos workshops sobre economia criativa e lá nós discutimos Web3 e o potencial da tecnologia com a molecada do Instituto. Nesse projeto do Cripto Cria já trabalhamos com crianças da comunidade do Caramujo (Niterói) e da Ilha da Gigoia. Lá eu faço uma palestra, rola desde aulas de skate até oficinas de tecnologia.
E com relação aos NFTs, você está apenas no lado da criação ou também investe?
Lógico que eu vejo os projetos. Acaba que por fazer collab, as pessoas me mandam NFTs. Querem saber o que eu acho do projeto deles e me convidam para fazer parte dos produtos, como o pessoal da Toxic Skulls Club (TSC) que eu vi que tem uma comunidade forte. Agora temos esse projeto com a Reserva. Então é tudo oportunidade.
Às vezes também compro um NFT ou outro na Tezos e eu acho legal. A sua carteira vira meio que sua rede social, seu Instagram onde as pessoas podem ver as artes que você tem. E também investido em alguns tokens aqui e ali.
Tem Bitcoin na carteira?
Com certeza. Não dá para não ter Bitcoin, é lógico.
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