Monero sofre maior reorganização de blocos da história e perde 118 transações

Reversão na rede do Monero, ligada ao pool de mineração Qubic, eliminou 118 transações e reacendeu preocupações sobre “mineração egoísta”

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O Monero (XMR) superou o maior retrocesso de cadeia (rollback) de sua história em 12 anos.

A rede reorganizou 18 blocos, apagando 36 minutos do histórico de transações e invalidando 118 transferências, segundo monitores independentes que divulgaram o incidente no sábado.

O token nativo da blockchain do Monero, o XMR, foi pouco afetado, registrando alta de mais de 5% no dia. Na semana, acumula valorização de 12%, sendo cotado a US$ 306, de acordo com dados do CoinGecko.

“Essa é a maior reorganização que o Monero já viu”, escreveu no X o podcaster da comunidade XMR conhecido como Xenu, acrescentando que o evento derrubou a antiga regra de que dez confirmações eram suficientes para considerar uma transação como definitiva.

O rollback ocorreu entre os dias 14 e 15 de setembro, na altura de bloco 3.499.659, quando o pool de mineração Qubic revelou uma cadeia oculta que superou a rede principal. Mais tarde, Xenu afirmou que o Qubic havia minerado de forma isolada “por causa da mineração egoísta, mesmo após todas as suas reorganizações”.

“Mineração egoísta” é uma tática em que o minerador retém blocos encontrados e os publica posteriormente como uma cadeia mais longa, reescrevendo transações recentes. A estratégia explora as regras do modelo de prova de trabalho (proof-of-work), que recompensa o trabalho acumulado sem diferenciar entre contribuições contínuas e blocos mantidos em segredo.

Pelas regras de prova de trabalho do Monero, a cadeia válida mais longa é considerada o histórico “real”, fazendo com que os nós da rede mudem automaticamente para ela.

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No caso mais recente, a cadeia retida pelo Qubic cresceu mais do que a pública. Quando foi revelada, os nós a aceitaram automaticamente como o histórico válido, forçando a rede a descartar os 18 blocos anteriores e as 118 transações que continham.

Meia hora de transações apagadas

A ação apagou efetivamente mais de meia hora de atividade recente do Monero, mesmo que outros mineradores já tivessem confirmado esses pagamentos. A reorganização também demonstrou que dez confirmações não são garantia suficiente, levando corretoras a ampliar seus requisitos.

No mês passado, o Qubic tentou um ataque de 51% ao Monero, alegando estar desenvolvendo formas de “experimentar” e “ajudar” a proteger a rede contra ataques futuros.

Um ataque de 51% ocorre quando alguém controla mais da metade do poder computacional de uma blockchain e pode alterar como novas transações são registradas, bloqueá-las ou revertê-las, além de potencialmente gastar moedas duas vezes (double-spend).

Embora essa tentativa tenha sido questionada, algumas estimativas da comunidade na época sugeriram que o Qubic pode ter alcançado brevemente o controle majoritário da rede.

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Pagamentos que antes eram considerados finais foram apagados, evidenciando como o poder de mineração concentrado ameaça a rede. Alguns usuários afirmaram que deixariam de aceitar Monero até que a estabilidade fosse restaurada, enquanto outros pediram que mineradores migrassem para pools menores.

* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.

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