A rede Monero (XMR), conhecida por seu foco em privacidade, pode estar sob ameaça após a Qubic, um pool de mineração do cofundador da IOTA, Sergey Ivancheglo, alcançar um considerável controle do poder de mineração da blockchain.
A comunidade Monero soou o alarme diante do avanço da Qubic — iniciativa que utiliza a estratégia de “prova de trabalho útil” (uPoW) — e que já detém cerca de 20% do hashrate da rede.
O temor é que, caso o domínio continue crescendo, um único agente possa atingir ou se aproximar do controle de 51% do poder computacional, comprometendo a descentralização e a segurança da rede.
Segundo o site The Block, o Monero está enfrentando o que pode ser uma tentativa de dominação da rede por parte da Qubic, que incentiva a mineração do token XMR via CPU para sustentar sua economia.
A estratégia consiste em converter o XMR minerado em USDT para comprar e queimar tokens QUBIC, estabelecendo um modelo deflacionário.
Desde 18 de maio, a fatia da Qubic no hashrate global do Monero saltou de menos de 2% para mais de 27%, tornando-se temporariamente o maior pool de mineração da rede, antes de cair para a sétima posição após forte reação da comunidade, de acordo com dados da MiningPoolStats.
Ivancheglo passou a falar abertamente, em publicações na rede X, sobre seu plano de conquistar 51% do hashrate do Monero entre 2 e 31 de agosto de 2025. Ele afirma que o objetivo é apenas fazer uma “demonstração econômica” para destacar a capacidade do uPoW, negando intenções maliciosas.
Ainda assim, ele alertou que essa ação pode rejeitar blocos minerados por outros pools, o que causaria problemas como blocos órfãos e atrasos nas transações.
Como parte da ofensiva, Ivancheglo declarou que a Qubic deixará de divulgar seu hashrate de mineração em Monero a partir de 2 de agosto, sob o pretexto de “aumentar a conscientização” sobre os riscos de um ataque de 51%.
“Assim como a comunidade Monero, estou tentando encontrar uma contramedida contra a dominação de 51% da Qubic”, escreveu.
Risco real no Monero
O chamado ataque de 51% ocorre quando um único agente ou grupo coordenado obtém poder suficiente para controlar mais da metade da produção de blocos em uma rede de Prova de Trabalho (Proof-of-Work, ou PoW). Com isso, torna-se possível manipular o livro-razão da blockchain, revertendo transações ou bloqueando novas inclusões — o que compromete toda a segurança do sistema.
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Alguns membros da comunidade Monero suspeitam que a Qubic esteja alugando hashrate ou utilizando bots, embora nenhuma prova conclusiva tenha sido apresentada. Para Dan Dadybayo, analista da Unstoppable Wallet, a questão vai além de meios técnicos: Ivancheglo criou uma estrutura de incentivos que pode levar mineradores a “entregar voluntariamente a rede” se acharem mais vantajoso operar com a Qubic.
“A Qubic diz: ‘Não queremos prejudicar ninguém’, mas a intenção não importa”, escreveu Dadybayo. “Não se trata mais de falhas exploráveis. É uma questão de capital.” Ele estima que, com o orçamento de segurança do Monero em torno de US$ 130 mil por dia, bastariam de US$ 7 mil a US$ 10 mil por dia para adquirir o controle majoritário da rede.
“Isso não é apenas um alerta para o Monero. É um sinal de perigo para todas as redes baseadas em PoW. Matemática forte não é o suficiente. Precisamos de infraestrutura resiliente e com incentivos bem alinhados. Do contrário, o próximo ‘ataque’ pode não parecer um ataque — apenas um negócio melhor”, concluiu Dadybayo.
Enquanto isso, o preço do XMR se manteve estável, sendo negociado a US$ 320 no momento da publicação, de acordo com dados do Coingecko.
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