Manhã Cripto: Ouro atinge novo recorde de US$ 4.200, enquanto bilhões em criptomoedas saem das corretoras

Dados da CoinGlass mostraram mais de US$ 21 bilhões em saídas da Binance e retiradas contínuas de outras grandes corretoras de criptomoedas

Barra de ouro envolto a várias moedas douradas de bitcoin

Shutetrstock

O ouro atingiu um novo recorde histórico na terça-feira (14), enquanto bilhões saem das principais corretoras de criptomoedas.

Os contratos futuros de ouro ultrapassaram brevemente os US$ 4.200 por onça, antes de fecharem em US$ 4.197,60 nas negociações de terça-feira em Nova York, de acordo com dados do CME Group. A publicação especializada The Kobeissi Letter caracterizou esse marco como “a primeira vez na história” que o ouro ultrapassa esse patamar, observando que o ativo subiu quase 60% apenas em 2025.

Esse movimento ocorreu ao mesmo tempo em que dados da CoinGlass mostraram mais de US$ 21 bilhões em saídas da Binance e retiradas contínuas de outras grandes corretoras, menos de uma semana após os mercados de cripto sofrerem uma forte queda — episódio agora apelidado de mais uma “Black Friday”, que viu o Bitcoin e outros ativos digitais caírem de preço após a reversão dos fluxos de ETFs de criptoativos.

Analistas observam essa divergência entre ouro e cripto como uma mudança no apetite por risco.

“O recorde do ouro sinaliza uma aversão aguda ao risco em meio a turbulências comerciais, enquanto as saídas lideradas pela Binance refletem o fechamento de posições alavancadas em ativos de risco”, disse Charles d’Haussy, CEO da dYdX Foundation, ao site Decrypt.

Shawn Young, analista-chefe da MEXC Research, chamou a alta do ouro de uma “rotação para ativos de segurança, e não uma liquidação estrutural profunda”, refletindo que os investidores estão “reduzindo o risco antes da divulgação do Beige Book do Federal Reserve.”

Um “ponto-chave de virada no sentimento”

O Beige Book é uma pesquisa econômica regional do Federal Reserve, com divulgação marcada para quarta-feira às 14h (horário de NY). Ele reúne relatos qualitativos e anedóticos dos 12 bancos regionais do Fed para avaliar as condições econômicas e orientar as decisões de política monetária antes de cada reunião de juros. A próxima reunião do FOMC ocorrerá em 28 de outubro, segundo o calendário do Fed.

Dados qualitativos dessa pesquisa podem se tornar um “ponto-chave de virada no sentimento”, observou Young. “Se os dados apontarem para uma desaceleração ampla nas economias regionais e redução nas pressões inflacionárias, os mercados podem rapidamente reprecificar uma trajetória mais dovish (branda) para o Fed.”

No mercado de previsões Myriad, lançado pela empresa-mãe do Decrypt, 76% dos usuários esperam que o ouro supere o Bitcoin em 2025.

Ainda assim, o paralelo entre a alta do ouro e a queda do mercado cripto não significa “abandono permanente de capital no setor de criptoativos”, disse Young. Em vez disso, ele atribui esse movimento a capital “buscando abrigo temporário.”

“Historicamente, quando os traders antecipam aperto monetário ou discursos mais agressivos, a liquidez migra de ativos de alto risco, como cripto, para reservas de valor sem rendimento, como ouro e títulos do Tesouro de curto prazo”, explicou.

Esse padrão se encaixa no que ele chama de “reposicionamento tático” para preservar liquidez até que o “quadro macroeconômico fique mais claro”. Ele acrescenta que, uma vez que as narrativas de política econômica se estabilizem, grande parte desse capital “à margem” tende a retornar aos ativos digitais.

A rotação pode continuar se as pressões macroeconômicas se aprofundarem, segundo Ryan Yoon, analista sênior da Tiger Research.

Os movimentos desta semana mostram uma “clássica rotação para segurança”, onde a incerteza política “empurra fluxos para o ouro enquanto o setor cripto sofre com a desalavancagem”, disse Yoon ao Decrypt. A continuidade dessa tendência depende de um “aperto real da liquidez”, acrescentou.

Fatores macroeconômicos como “inflação persistente mantendo as taxas reais elevadas” e “prêmios de risco geopolítico (tarifas, preocupações fiscais)” podem favorecer “ativos duros em detrimento de ativos especulativos”, observou.

Yoon atribuiu a “pressão contínua de reprecificação” às expectativas de cortes de juros, com o Beige Book podendo mudar o sentimento caso uma “deterioração no mercado de trabalho” pese mais que preocupações inflacionárias.

Além da rotação de liquidez, d’Haussy disse que esses movimentos podem marcar o “início de um ciclo mais amplo de aversão ao risco, com o ouro se desvinculando como o hedge definitivo e o BTC ficando para trás.”

Olhando para frente, os investidores podem “esperar ainda mais volatilidade no cripto se os mercados de ações vacilarem”, concluiu d’Haussy.

* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.

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