O mercado de criptomoedas segue no azul nesta terça-feira (21) depois da forte recuperação na segunda-feira. O Bitcoin (BTC) opera em alta de 3,3%, cotado a US$ 21.174, segundo dados do CoinGecko. O Ethereum se valoriza 3,6%, negociado a US$ 1.164.
No Brasil, o Bitcoin também amanhece em terreno positivo e dá um salto de 4,7% para R$ 109.628,47, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).
As altcoins acompanham o movimento como Binance Coin (+5,1%), Cardano (+5%), XRP (+2,5%), Dogecoin (4,9%), Polkadot (+9,1%), Shiba Inu (+8,3%) e Avalanche (+7,9%). O principal destaque vai para Solana (SOL), que aponta alta de +10%.
Os mercados americanos ficaram fechados na segunda-feira devido a um feriado, por isso a volatilidade pode retornar nesta terça. Elon Musk, Nouriel Roubini e o Goldman Sachs alertaram em evento da Bloomberg no Catar sobre a crescente probabilidade de que a economia dos EUA entre em recessão.
“O Bitcoin ainda é atingido por ventos preocupantes à medida que os investidores fogem das criptomoedas para se afastarem de ativos de risco”, escreveu Susannah Streeter, analista sênior de investimentos e mercados da empresa de serviços financeiros Hargreaves Lansdown, em análise do CoinDesk.
O efeito dominó no atual mercado baixista avança para uma nova fase. Junto com mineradores, holders de longo prazo agora começam a sentir a pressão, o que acelera as vendas, aponta relatório da Glassnode.
Com a confiança dos investidores abalada pela turbulência, Rhymer Rigby, colunista do Financial Times, destaca que os mais ricos normalmente estão mais bem preparados para grandes perdas, pois costumam diversificar o portfólio e não colocam o dinheiro em apenas um ativo. Mas é outra história para os que ganharam milhões rapidamente, principalmente se ampliaram os lucros contraindo dívidas.
Outros destaques
O Nubank, maior banco digital da América Latina, está de olho em aquisições a preços mais baixos em meio à desvalorização das ações de tecnologia. Em entrevista ao Financial Times, David Vélez, fundador do Nubank, destacou a proliferação dos bancos digitais no Brasil e prevê a consolidação do setor com a “sobrevivência” dos mais aptos.
A ProShares lança nesta terça-feira (21) nos EUA o primeiro produto negociado em bolsa para apostar contra o preço do Bitcoin com contratos futuros. A maior criptomoeda já se desvalorizou cerca de 70% desde a máxima em novembro passado. O lançamento do ProShares Short Bitcoin Strategy ETF (BITI) contrasta com o cenário em outubro de 2021, quando a ProShares foi a primeira a introduzir um ETF futuro atrelado ao BTC no mercado americano.
Com o tombo das criptomoedas, projetos de finanças descentralizadas também são atingidos, o que afeta diretamente plataformas que oferecem altos retornos ao reinvestir depósitos de clientes, de acordo com a Reuters. É o caso da Celsius, que travou saques e transferências, O valor total bloqueado (TVL, na sigla em inglês) de Ethereum, uma métrica que tenta rastrear o montante dos tokens depositados em protocolos DeFi, encolheu US$ 124 bilhões ou 60% nas últimas seis semanas, mostra a Glassnode.
Na outra ponta estão usuários com saques bloqueados. O investidor britânico Jeremy Fong, de 29 anos, costumava ganhar US$ 100 por semana, o que cobria os gastos com supermercado. Cerca de 25% de seu portfólio está congelado na Celsius, que afirmou seguir com o objetivo de “estabilizar nossa liquidez e operações”, mas alertou que “o processo levará tempo”.
A Babel Finance, outro banco cripto que suspendeu saques e resgates na sexta-feira (17), fechou um acordo para o pagamento de algumas dívidas, o que poderia melhorar a liquidez no curto prazo.
Quem também bloqueou saques de Bitcoin e outros tokens foi a corretora cripto Hoo, com sede em Hong Kong. Com a forte demanda por saques, a exchange não conseguia atender a todos os pedidos. A suspensão anunciada no domingo (19) pode durar até 72 horas, informou a empresa.
Uma pane na rede Cloudflare, que fornece infraestrutura para a Internet, afetou várias exchanges de criptomoedas, como FTX e Bitfinex, conforme o The Block. A Cloudfare confirmou por meio de uma atualização publicada nesta terça-feira (21) que está enfrentando “problemas generalizados” com seus serviços e rede.
A Bybit, exchange de criptomoedas com sede em Dubai, se prepara para demitir 30% da força de trabalho, disseram pessoas a par dos planos ao jornalista Colin Wu. A empresa tem cerca de 2 mil funcionários. “Estamos estudando uma maneira de remover funções sobrepostas e construir equipes menores, mas mais ágeis, para melhorar nossa eficiência”, confirmou um porta-voz da Bybit ao portal CoinDesk.
Outras concorrentes vão na contramão. A Bitfinex e a Tether, que pertencem ao mesmo grupo, não têm planos de demissões e até pensam em contratar em meio à atual turbulência. A diretora operacional da Bitfinex, Claudia Lagorio, disse ao The Block que a empresa “nunca contratou agressivamente e depois reduziu a equipe durante um inverno cripto”.
O unicórnio austríaco Bitpanda obteve licença para operar na Espanha como uma exchange de moedas virtuais e provedora de serviços de custódia de ativos digitais no país. A empresa foi registrada oficialmente pelo banco central espanhol em 16 de junho e confirmou a novidade nesta terça-feira. Além da Áustria e Espanha, a exchange também é registrada na França, Itália e Suíça.
A Pantalica Partners, consultoria especializada em reestruturação de empresas, está investindo na Goyield, uma plataforma lançada na Itália para que empresas em dificuldade tenham acesso a crédito em criptomoedas, conforme o Estadão.
Regulação, Cibersegurança e CBDCs
O projeto de lei que regula o mercado de criptomoedas no Brasil entrou novamente na pauta da Câmara dos Deputados na segunda-feira (20). O PL 4.041/2021 é o segundo item na Pauta da Semana da Casa e está tramitando em regime de urgência.
A Promotoria de Justiça de Seul proibiu todos os ex-funcionários da Terraform Labs, empresa por trás das criptomoedas Luna Classic (LUNC) e TerraUSD (UST), de deixarem a Coreia do Sul. A proibição foi confirmada no Twitter por Daniel Hong, um dos desenvolvedores do antigo sistema Terra, que só tomou conhecimento da medida ao não conseguir embarcar para os EUA.
O governo do Reino Unido mudou de ideia sobre os planos de coletar informações pessoais de carteiras de criptomoedas privadas. Em documento sobre uma consulta revisado e publicado na segunda-feira, as autoridades explicaram que esse tipo de informação será coletada apenas para transações que apresentem elevado risco de financiamento ilícito.
Em Israel, pesquisadores do banco central alertaram que alguns contratos inteligentes podem precisar de supervisão devido ao risco de perdas para usuários de criptomoedas, de acordo com a Bloomberg.
Metaverso, Games e NFTs
A empresa de pagamentos de criptomoedas MoonPay fechou uma parceria com grandes marcas de entretenimento para se expandir ainda mais no mercado de tokens não fungíveis. Fox, Universal Pictures, Creative Artists Agency e Death Row Records criarão coleções NFT por meio da HyperMint, a plataforma da MoonPay para cunhar ativos digitais, de acordo com a Bloomberg.
A ParaSwap lançou na segunda-feira (20) um aplicativo de negociação de tokens não fungíveis “peer to peer” (entre usuários), o primeiro do tipo na App Store, segundo o CoinDesk. A plataforma permite que compradores e vendedores façam transações com seu token preferido e com o reembolso de todas as taxas não vinculadas ao Ethereum.
A Ucrânia vendeu o CryptoPunk #5364, o valioso NFT recebido como doação no início de março durante sua campanha de arrecadação de fundos para enfrentar a guerra contra a Rússia. Um comprador anônimo pagou US$ 100 mil pelo ativo, ou cerca de 90 ETH segundo a cotação na segunda-feira.
A Associação Brasileira de Comunicação Empresarial (Aberje) realiza nos dias 22 e 23 de junho a primeira versão presencial pós-pandemia do Aberje Trends no Instituto Tomie Ohtake. Em parceria com o Estadão, a sexta edição do encontro traz o tema “As grandes tendências da comunicação corporativa na era do Metaverso”.
Já teve início a NFT.NYC, conferência que reúne cerca de 15 mil fãs de tokens não fungíveis de todas as partes do mundo em Nova York. O evento, que ocorre até a quinta-feira (23), contará com cerca de 1,5 mil palestrantes, entre eles o CEO do marketplace OpenSea, Devin Finzer.