Manhã Cripto: EUA sancionam carteiras cripto ligadas ao Hamas; FTX recomprou fatia da Binance com dinheiro de clientes

Incertezas no ambiente geopolítico e perspectiva de juros mais altos nos EUA podem explicar a cautela dos investidores de criptomoedas
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Foto: Shutterstock

Bitcoin destoa do desempenho das maiores criptomoedas, ainda em terreno positivo nesta quinta-feira (19) enquanto traders de ações reagem ao cenário de juros altos, balanços corporativos fracos e ao aumento dos rendimentos dos títulos dos EUA.  

O Bitcoin mostra estabilidade em 24 horas, a US$ 28.442,06, segundo dados do Coingecko.    

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Em reais, o BTC sobe 0,4%, negociado a R$ 144.457,29, de acordo com o Índice do Portal do Bitcoin (IPB).   

Ethereum (ETH) vai na contramão e recua 2%, cotado a US$ 1.550,58.  

As maiores altcoins são negociadas em terreno negativo, entre elas BNB (-1,3%), XRP (-2,1%), Solana (-0,2%), Cardano (-1,9%), Dogecoin (-1,4%), TRON (-0,4%), Toncoin (-2,1%), Polkadot (-1,8%), Chainlink (-1,6%) e Shiba Inu (-2,6%). 

O token nativo da rede Aptos recua 0,4% nesta manhã após o apagão da blockchain, que durou cinco horas. Várias exchanges tiveram que suspender depósitos e saques do token APT devido ao problema, de acordo com o The Block

Polygon perde 2,2% em 24 horas em meio aos planos do protocolo Lido de suspender operações na blockchain. 

Bitcoin hoje 

A incerteza no ambiente geopolítico e a perspectiva de juros mais altos por mais tempo nos EUA poderiam explicar a recente cautela de investidores que apostam em ações e criptomoedas. 

Apesar dos ralis de curta duração do Bitcoin, a gestora de ativos do Morgan Stanley diz que o inverno cripto pode ter acabado e vê uma “primavera no horizonte”. 

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A gestora observa que, em mercados de baixa anteriores, o BTC atingiu a mínima entre 12 e 14 meses após o pico. A maior criptomoeda atingiu uma máxima histórica de cerca de US$ 68 mil em novembro de 2021 e atingiu a mínima um ano depois. 

Um dos fatores que talvez possa acelerar essa primavera seria a aprovação de um fundo de índice (ETF) de Bitcoin à vista, embora exista divergência entre analistas sobre o real impacto. 

Em entrevista à Bloomberg TV, Gary Gensler, presidente da SEC, a CVM dos EUA, disse que a agência ainda está avaliando as várias propostas, “entre 8 ou 10”, afirmou. Gensler não quis comentar se a reguladora vai aprovar os ETFs em grupo ou individualmente e explicou que o processo para aprovar esse tipo de fundo negociado em bolsa é semelhante a um IPO, com vários detalhes a serem avaliados. 

Amanhã (20) será um dia decisivo para uma resposta sobre o pedido da Grayscale para converter seu trust GBTC, o maior fundo de Bitcoin do mundo, em um ETF, pois um tribunal deve emitir uma sentença definitiva sobre o caso. 

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Tesouro dos EUA sanciona Buy Cash 

O Escritório de Controle de Ativos Estrangeiros (OFAC) do Tesouro dos EUA voltou a sancionar carteiras digitais “on-chain”, com alvo em “facilitadores financeiros” e outras entidades que apoiam o grupo Hamas. 

Entre essas entidades está a Buy Cash, uma plataforma de moedas digitais e transferência de dinheiro em Gaza. O domínio da Buy Cash foi registrado em 2015 por Ahmed M. M. Alaqad, residente em Gaza e proprietário da exchange, que também entrou na lista de sancionados pelo Tesouro americano. 

O papel das criptomoedas no financiamento de grupos terroristas tem ganhado destaque em meio ao conflito entre o Hamas e Israel.  

Em artigo de opinião publicado no Wall Street Journal nesta quarta, a democrata Elizabeth Warren e o republicano Roger Marshall, senadores dos EUA, afirmam que as criptomoedas “alimentam o terrorismo do Hamas” e que empresas de finanças descentralizadas devem estar sujeitas às mesmas regras contra lavagem de dinheiro que bancos. 

No entanto, especialistas ouvidos pelo Decrypt minimizaram o papel dos criptoativos nesse tipo de atividades ilícitas. Assim como uma publicação da Chainalysis, que criticou métricas exageradas e “análises falhas” citadas em reportagens. 

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Fatia da Binance na FTX 

Em mais um dia do julgamento de Sam Bankman-Fried, ex-CEO da FTX, Peter Easton, especialista em contabilidade, disse ao júri que a exchange usou bilhões de dólares em fundos de clientes para recomprar uma participação em mãos da Binance

Em novembro de 2022, o CEO da maior corretora cripto do mundo, Changpeng “CZ” Zhaodisse em um post que a empresa havia recebido US$ 2,1 bilhões em stablecoin Binance USD e FTT, o token nativo da FTX. 

Easton, professor de contabilidade da Universidade de Notre Dame, foi contratado pelo Departamento de Justiça dos EUA para rastrear fundos transacionados entre a FTX e a Alameda Research, seu braço de trading. 

Durante o depoimento, quando perguntado se a FTX teria desviado fundos de clientes, Easton respondeu: “Oh, yes”, segundo trecho compartilhado pelo CoinDesk. O professor afirmou que esses recursos foram reinvestidos em imóveis, empresas e doações para ONGs e políticos. 

Easton também revelou que, em novembro de 2021, durante o “boom” do mercado, as carteiras digitais da FTX somavam US$ 5 bilhões em criptomoedas e não US$ 20 bilhões como os clientes pensavam, conforme o Decrypt

Outros destaques das criptomoedas 

A Jump Trading pode entrar no radar da SEC no processo movido pela agência contra Do Kwon, cofundador da Terraform Labs, de acordo com documentos apresentados a um tribunal de Nova York na quarta-feira (18). A ação, que investiga o colapso da stablecoin TerraUSD (UST) em maio de 2022, agora foca no papel da Jump, uma formadora de mercado (market makerque teria lucrado US$ 1,28 bilhão em meio ao caos. Kwon nega que a Jump teria ajudado a restaurar a paridade da UST com o dólar em 2021. 

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Um relatório do Escritório do Inspetor-Geral do FDIC, órgão que regula o setor bancário nos EUA, diz que a agência não dispõe de “procedimentos claros” para abordar os riscos dos criptoativos às instituições financeiras. O estudo recomenda a introdução de um processo para supervisionar atividades de criptoativos em empresas reguladas. 

O Conselho do Banco Central Europeu deu sinal verde para iniciar a “fase de preparação” para um euro digital, que deve durar inicialmente dois anos, informou o BCE em comunicado na quarta-feira (18). Durante esse período, o BCE pretende elaborar regras e selecionar fornecedores para desenvolver uma plataforma e a infraestrutura necessária, embora ainda não haja uma decisão sobre o projeto.