Mais uma empresa de Cabo Frio fecha e avisa clientes: “Impossível devolver o dinheiro”

A Decolar Investimento prometia 20% de lucro sobre o capital investido em criptomoedas
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Foto: Shutterstock

A Decolar Investimento, uma empresa de Cabo Frio (RJ) que prometia altos rendimentos através do investimento em bitcoin, anunciou na sexta-feira (8) que iria encerrar suas atividades, deixando de pagar o dinheiro prometido aos clientes.

De acordo com o portal local RLagos, diversos clientes acusaram a empresa de aplicar um golpe e agora exigem a devolução do dinheiro investido. Um deles disse que investiu R$ 100 mil após a Decolar Investimento prometer um lucro de 20% por mês sobre o aporte. 

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No entanto, o usuário ficou no prejuízo após a empresa encerrar as atividades. “Depois do grande investimento feito na Empresa Decolar nos meses anteriores, recebi deles apenas 3 parcelas de R$ 20 mil, totalizando R$ 60 mil. Tive um prejuízo de R$ 40 mil e brigo para reaver pelo menos essa quantia do investimento inicial”, disse o cliente ao RLagos.

A chance do investidor receber o seu capital de volta fica ainda mais distante já que a própria empresa alertou que não terá dinheiro para pagar todos que deve. Segundo uma mensagem enviada por WhatsApp aos investidores e compartilhada no Livecoins, os diretores da Decolar Investimento afirmam: “Faremos o possível para devolver o dinheiro de todos… mas é quase impossível devolver o integral”.

Na nota, eles atribuem a culpa a RD Consultoria, uma outra empresa que supostamente era responsável por gerir os investimentos:

“Nossa empresa não vai rentabilizar os clientes pois o dinheiro que captamos era investido na empresa do RD Consultoria, eles repassavam a % para que nós repassassemos aos clientes. A empresa RD Consultoria não está repassando a rentabilidade correta e disse que precisa entrar mais contratos para pagarmos os novos clientes”.

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Conforme descreveu na nota os responsáveis pela Decolar Investimento, identificados como Adriano, Romulo e Lucas, o modelo de negócios dependia da entrada de novos investidores injetando dinheiro para conseguir pagar os clientes antigos, o que descreve a estrutura de uma pirâmide financeira.

Mensagem da Decolar Investimento enviada a clientes
Mensagem da Decolar Investimento enviada a clientes. (Foto: Reprodução/Livecoins)

A queda do ‘Novo Egito’

A Decolar Investimento entrou para a lista de empresas do Rio de Janeiro que fecharam as portas após captar milhões da população prometendo um rendimento fixo em investimentos no mercado de criptomoedas. 

Tudo começou quando Glaidson Acácio dos Santos, o “Faraó do Bitcoin” da GAS Consultoria, foi preso no dia 25 de agosto no âmbito da Operação Kryptos da Polícia Federal.

A queda da Gas Consultoria provocou um efeito dominó em Cabo Frio e empresas suspeitas começaram a cair uma atrás da outra, como a Alphabets, Eagle Eyes e agora a Decolar Investimento.

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No final de setembro, um grupo de moradores de Cabo Frio se revoltaram com o possível calote aplicado pela Eagle Eyes e incendiaram o restaurante de Jonas Gomes da Silva, o dono da empresa conhecido como ‘Pastor do Bitcoin’, após ele supostamente sumir com o dinheiro dos investidores.

Contraponto da Decolar

Após a publicação desta reportagem, a empresa enviou ao Portal do Bitcoin a seguinte nota:

Primeiramente, a Decolar esclarece que não possui relação com qualquer outra empresa, uma vez que atua e oferece serviços no mercado de maneira independente.

Os serviços ofertados tratam-se de terceirização de Trading Esportivo, com sua atuação pautada no âmbito da Lei 13.756/18, promulgada no dia 12 de dezembro de 2018.

A Lei em comento, entre outras questões, legaliza as apostas esportivas, contudo, ainda carece de regulação por parte dos órgãos do governo.

Por esse motivo, a Decolar informa a suspensão de suas atividades com relação a não realização de novos contratos. Informa ainda que os contratos ativos serão integralmente cumpridos, conforme os termos pactuados.

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Importante destacar que não há qualquer denúncia contra a empresa Decolar, tampouco haverá prejuízos de qualquer ordem em decorrência da suspensão das atividades.

Atenciosamente,

Lucas, Romulo e Adriano, sócios administradores, por meio da assessoria jurídica representada pela Doutora Isabelle Noé Lima Damasceno Marins (OAB/RJ 225.064)