A disputa entre esferas de poder sobre a prisão de Glaidson Acácio dos Santos, o “Faraó do Bitcoin” e líder da pirâmide de criptomoedas GAS Consultoria, ganhou mais um capítulo na noite de segunda-feira (29), após o juiz Nilson Luis Lacerda, da 1ª Vara Criminal Especializada em Organização Criminosa do Rio, determinar que ele volte para Sistema Penitenciário Federal (SPF) pelo prazo de três anos.
Segundo informações do jornal O Globo, a decisão determina ainda que Glaidson “permaneça inserido preventivamente em Regime Disciplinar Diferenciado” do Presídio Laércio da Costa Pelegrino, conhecido como Bangu 1, onde ele está agora.
O “Faraó” estava no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná, de onde foi transferido para Bangu I, que é estadual, na semana passada, para participar de uma série de audiências em outubro. Porém, uma disputa entre as esferas gerou dúvidas de onde ele passaria a ficar preso a partir de agora.
Catanduvas é uma prisão federal, e o preso pode participar de audiências de forma virtual estando lá, caso contrário, indo para o sistema penitenciário estadual como Bangu I, a devolução pode ser definitiva. Ou seja, se não houvesse acerto entre as esferas, Glaidson continuaria preso no Rio de Janeiro, o que muda agora com a nova decisão de Justiça.
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Thiago de Souza Cardoso Lemos, advogado do “Faraó”, chegou a dizer que a mudança para o Rio era definitiva: “Ele voltou de forma definitiva e vai comparecer às audiências. Não há de se falar em retorno porque a exclusão dele do sistema federal já foi feita. Para uma nova inclusão ocorrer são necessários fatos novos”.
Em 2024, o Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) já havia pedido que Glaidson ficasse no sistema penitenciário federal até pelo menos o dia 25 de janeiro de 2027. Recentemente, uma decisão do TJRJ, que acabou não prevalecendo, pedia que o “Faraó” ficasse em Catanduvas porque ele representa risco à segurança pública do Estado do Rio de Janeiro na medida que supostamente utiliza de pessoas ligadas a ele para orientar comparsas a continuarem com o esquema criminoso, visando à prática e fraudes com criptomoedas.
Em julho, a defesa do “Faraó” pediu para que ele fosse enviado ao RJ, mas o juiz negou citando que eles estariam tentando atrapalhar o andamento do processo. Além disso, existem diversas recomendações, de diferentes órgãos, para que Glaidson permanecesse em Catanduvas, numa prisão federal, por conta dos riscos que ele impõe ao sistema.
A história do “Faraó do Bitcoin”
A GAS Consultoria, empresa de Glaidson, captava clientes com promessas de rendimentos que supostamente viriam do trade de criptomoedas. Mais tarde, seu modelo de operação de pirâmide financeira desencadeou uma série de investigações pelas autoridades brasileiras. As investigações falam em uma movimentação de R$ 38 bilhões pelo esquema ao longo dos anos.
Glaidson, que ficou conhecido como “Faraó do Bitcoin”, foi preso na manhã do dia 25 de agosto de 2021 na Operação Kryptos. Na ocasião, outros membros do esquema foram presos, enquanto alguns conseguiram escapar da polícia e fugir do Brasil, como a esposa de Glaidson, Mirelis Yoseline Dias Zerpa, que acabou presa em janeiro de 2024 em Chicago (EUA) por morar ilegalmente no país. Em junho deste ano, Mirelis foi deportada para o Brasil pelos Estados Unidos.
Na ocasião da prisão de Glaidson e demais suspeitos, os agentes da PF e Receita Federal apreenderam 591 bitcoins, dezenas de carros de luxo e mais de R$ 13 milhões em espécie.
Diversas pessoas próximas ao casal confirmam que a divisão de tarefas dentro da GAS era clara: Glaidson lidava com as pessoas e Mirelis com o dinheiro.
Em 2023, a GAS Consultoria fez parte de uma extensa lista de empresas convocadas na CPI das Pirâmides, que também intimou o Faraó do Bitcoin. Em depoimento, o ex-garçom protagonizou uma série de bate-bocas com alguns deputados e chegou a ser chamado por um parlamentar de “um dos maiores bandidos da história do sistema financeiro nacional”.
Além do roubo do dinheiro de milhares de investidores brasileiros pela pirâmide financeira da GAS, o Faraó do Bitcoin também é acusado de ser líder de uma organização que monitorava e assassinava rivais no mercado de criptomoedas, como mostram áudios obtidos pelas autoridades.
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