Em outubro deste ano, os argentinos irão às urnas para eleger o seu próximo presidente e dentre os presidenciáveis está o economista e deputado argentino Javier Milei, de 52 anos, que concorre pelo partido “A Liberdade Avança”.
Visto como dono de um perfil de extrema direita, Milei tem pontuado sua trajetória por críticas aos Banco Central do país e por pregar liberdade financeira por meio da adoção da maior criptomoeda do mundo, o Bitcoin.
Em uma entrevista ao jornal Clarin no ano passado, quando teve a oportunidade de criticar o sistema econômico convencional e invocar mais a liberdade econômica trazida pelas criptomoedas, Javier Milei disse que “o Bitcoin é a reação natural ao golpe dos bancos centrais” e que “é um sistema que devolve dinheiro ao seu criador original, que é o setor privado”.
Ele acrescentou: “A primeira coisa a entender é que o Banco Central é uma farsa”.
Milei, que é adepto da escola econômica austríaca – que defende a completa retirada do Estado da economia, sem qualquer tipo de subsídio ou intervenção – e do libertarianismo, tem sido apontado por reportagens como uma espécie de versão argentina do ex-presidentes Jair Bolsonaro e Donald Trump.
Assim como esses políticos, Milei adota um discurso contra o que chama de “comunismo”, colocando ainda nesse pacote itens como o aborto, as mudanças climáticas e as medidas de quarentena contra a covid-19.
No entanto, ao contrário deles, ao mesmo tempo em que defende o liberalismo econômico e temas como porte de armas, ele também propõe a descriminalização das drogas e o amor livre entre os cidadãos, dizendo que o Estado não deve intervir nessas questões.
A trajetória de MIlei é pouco usual: antes de se tornar economista, chegou a jogar como goleiro em um time de futebol de Buenos Aires, o Chacarita Juniors, além de cantar em uma banda de rock especializada em covers dos Rolling Stones. O seu visual – cabelos despenteados e uso de jaquetas de couro – também contribui para que seja visto como uma figura anti sistema.
Destaque nas pesquisa
O deputado radical tem figurado entre os principais candidatos ao cargo de presidente da Argentina, de acordo com algumas pesquisas de intenção de votos, inclusive divulgadas por ele constantemente nas redes sociais — às vezes em primeiro, às vezes entre os três mais citados pelos eleitores.
Contudo, segundo veículos de comunicação argentinos, há atualmente uma grande indecisão popular, já que ainda há muita indefinição sobre quais figuras irão realmente concorrer no pleito.
Até mesmo o nome do tricampeão do mundo Lionel Messi tem sido citado em pesquisas. O craque do futebol e ídolo dos argentinos aparece em primeiro lugar em um levantamento da Giacobbe Consultores, seguido por Milei.
Os outros nomes, na ordem de intenção de votos são da atual vice-presidente, Cristina Kirchner, ex-ministra Patrícia Bullrich e do ex-presidente Mauricio Macri. Portanto, nesta pesquisa Milei, que tem mandato por Buenos Aires, lidera a ponta, considerando que Messi provavelmente não irá se candidatar.
Gran cantidad de encuestados indican que votarían a Messi para presidente. Incluso poniendo a los demás candidatos en la grilla. Revientan de odio los que se dedican a esto! ¿Estaremos buscando valores además de éxitos? pic.twitter.com/RQSYYSA3AO
— Jorge Giacobbe (@JorgeGiacobbe) December 27, 2022
Acusação de divulgação de pirâmide
As atividades do deputado no setor de criptomoedas, no entanto, também lhe trouxeram dores de cabeça, principalmente quando se tornou alvo de uma ação coletiva contra uma suposta propaganda de uma empresa de investimentos chamada CoinX World, acusada de funcionar como uma pirâmide financeira. O processo que cita o envolvimento de Milei corre em um tribunal em Buenos Aires desde julho do ano passado.
Anteriormente, em junho, a Comissão Nacional de Valores (CNV), órgão que regula o mercado de capitais na Argentina, emitiu um stop order para CoinX World. A agência deixou claro que a medida era para proteger o investidor, haja vista que as ofertas de investimentos com promessa de retornos mensais não tinham aval da entidade
Na ocasião, a CoinX se apresentava como “consultoria financeira” com oferta de “serviços de auxílio financeiro.
Acerca da suposta participação de Javier Milei na CoinX, um post no Instagram em dezembro de 2021 mostra o parlamentar indicando o negócio.
“Tive o prazer de conhecer os escritórios da @coinx.world e sua equipe. Eles estão revolucionando a forma de investir para ajudar os argentinos a escapar da inflação. A partir de agora você pode simular seu investimento em pesos, dólares ou criptomoedas e obter lucro. Escreva para eles @coinx.world [e fale] de mim para que eles o aconselhem com o melhor!”, escreveu Milei em seu Instagram.
Por meio da ação coletiva, os investidores querem provar a participação do político na CoinX, bem como pedir à justiça que ele seja citado como “conjuntamente responsável” pelos prejuízos financeiros.
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