Hillary Clinton critica corretoras de criptomoedas que não baniram usuários russos

Hillary Clinton, ex-candidata à presidência dos EUA, disse estar “decepcionada” com a resposta de algumas corretoras cripto à invasão da Rússia à Ucrânia
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Ex-secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton (Foto: Shutterstock)

Hillary Clinton, ex-candidata à presidência dos EUA, disse na semana passada estar “decepcionada” por muitas corretoras de criptomoedas não terem banido usuários russos de suas plataformas.

“Fiquei decepcionada em ver que algumas das chamadas corretoras de criptomoedas (não todas, mas algumas) estão se recusando a finalizar transações com a Rússia”, disse Clinton em uma entrevista recente ao The Rachel Maddow Show na MSNBC.

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Ela acrescentou que “todo mundo deveria fazer o possível para isolar a atividade econômica russa neste momento”.

Corretoras cripto, sanções e a Rússia

Diversas corretoras cripto, incluindo Coinbase, Binance e Kraken, se negaram à opção de banir todos os usuários russos, afirmando que não existem bases jurídicas para fazê-lo.

No entanto, grande parte garantiu que vão cumprir com sanções se estas forem expandidas para incluir cidadãos individuais.

Em contraste, Whitebit (uma das corretoras cripto que a Ucrânia pediu que restringissem usuários russos) afirmou ter apresentado procedimentos para verificar listas de sanções.

“Procedimentos para verificar listas de sanções foram implementados, atividades de negociação com RUB foram encerradas e o registro de usuários de países da Federação Russa e da República da Bielorrússia foi suspenso”, confirmou a Whitebit ao Decrypt via e-mail.

“Acredito que exista uma questão de reputação aqui. Você quer ser conhecida agora ou depois de ser a corretora que facilitou a evasão de sanções, mesmo que isso não seja tecnicamente ilegal?”, questionou Tom Keatinge, diretor fundador do Centro de Estudos sobre Crimes Financeiros e Segurança e do Instituto Real dos Serviços Unidos, ao Decrypt.

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“Imagino se corretoras vão seguir o mesmo caminho que a Eurovision ou a FIFA. Acredito que podem tomar sua decisão mas, quando perderem o acesso bancário ocidental por terem facilitado a evasão de sanções, podem se arrepender disso”, acrescentou.

Os pedidos de Clinton para reprimir cripto

Durante sua entrevista, Clinton também aproveitou a oportunidade de pedir que agentes ocidentais agissem mais para reprimir a forma como a Rússia pode usar criptomoedas para evadir sanções.

“Acredito que o Departamento do Tesouro [e] os europeus devem analisar bem a forma como podem evitar mercados cripto de fornecerem uma rota de fuga para a Rússia, tanto para transações governamentais como privadas que entram e saem da Rússia”, disse.

Essa não é a primeira vez que Clinton levanta suspeitas sobre a grande indústria cripto.

Em novembro, Clinton havia dito que criptomoedas têm o potencial de prejudicar o dólar americano.

“O que parece ser uma iniciativa bem interessante e exótica tem o potencial de prejudicar moedas, prejudicar o papel dos dólares como moedas de reserva e de desestabilizar nações”, afirmou.

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No mesmo mês, Clinton pediu que a administração Biden regulasse criptomoedas em face da manipulação da tecnologia por Estados e agentes não estatais.

“Estamos analisando não apenas Estados, como a China ou Rússia, que estão manipulando tecnologia de todos os tipos a seu favor. Estamos analisando agentes não estatais, seja em conjunto com Estados ou sozinhos, que estão desestabilizando países, desestabilizando o dólar como a moeda de reserva”, acrescentou.

*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.