Grandes empresas dominam validação do “novo” Ethereum e geram temor de centralização

A mudança do Ethereum para o modelo proof-of-stake fez com que analistas explorassem seus impactos na tão falada descentralização da blockchain
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Foto: Shutterstock

Muitos dos benefícios prometidos pela Fusão do Ethereum aconteceram, incluindo uma redução maior que 99% no uso de energia e na sua pegada de carbono. Mas os analistas que soaram o alarme com relação a um aumento da centralização antes da transição continuam preocupados com o fato de poucas entidades dominarem o proof-of-stake (PoS), o novo mecanismo de consenso da rede.

“Ter as sete principais entidades controlando mais de 2/3 do stake é um tanto decepcionante, para ser honesto,” tuitou Martin Köppelmann, co-fundador da plataforma DeFi Gnosis.

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top 7 entities controlling >2/3 of the stake is pretty disappointing to see tbh pic.twitter.com/VBipyFUM7g

— Martin Köppelmann 🇺🇦 (@koeppelmann) September 15, 2022

Ele postou um gráfico mostrando a Lido, empresa de staking no Ethereum, com mais de 27% da validação proof-of-stake do Ethereum, seguido pela exchange Coinbase com mais de 14%. 

Um relatório mais recente da Dune Analytics afirmou que dois dos maiores stakers do Ethereum são a Lido com 4,16 milhões de ETH (30,1%) e a Coinbase com 2 milhões de ETH (14,5%). Os stakers restantes, classificados como “outros”, trabalham com 3,65 milhões de ETH (26,5%).

A descentralização é o objetivo-chave das criptomoedas e Web3. O fato do Bitcoin ser suficientemente descentralizado é a razão principal dele ter ficado de fora da mira dos reguladores estatais norte-americanos.

Experts em segurança avaliam que se a participação na validação do Ethereum fica muito centralizada, a possibilidade de um “Ataque de 51%” acontecer se torna mais do que apenas teoria. Além disso, as partes com maior domínio podem ser pressionadas a censurar transações na blockchain – apesar de o CEO da Coinbase, Brian Armstrong, já ter dito que um cenário do tipo faria sua empresa sair do negócio de staking. 

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Ao contrário do proof-of-work (PoW), que exige uma grande quantidade de energia elétrica e um hardware potente para minerar de forma lucrativa e manter uma blockchain em operação, o modelo proof-of-stake depende mais da compra, retenção e stake de grandes quantidades da criptomoeda da blockchain por parte dos usuários. Para alguns críticos, a Fusão do Ethereum foi um movimento centralizador.

Agora que o Ethereum é baseado em proof-of-stake, os validadores com pelo menos 32 ETH podem fazer stake e se comprometerem com a rede, em vez de depender dos mineradores. Grupos menores podem criar pools de staking para combinar seus ethers e se tornarem validadores, ou recorrer a uma exchange que oferece o serviço de staking.

“Eu não indico fazer staking com uma exchange”, advertiu Micah Zoltu, um dos principais desenvolvedores do Ethereum, em uma recente entrevista com o Decrypt. “Isso mais prejudica a rede do que ajuda, e o retorno do investimento, no momento, provavelmente não vale a pena”.

Zoltu recomenda que os usuários façam o stake de ETH rodando seus próprios Nós de Ethereum, o que podem fazer de seus computadores pessoais, no caso. “Qualquer um pode fazer isso com um computador suficientemente bom, eletricidade e internet”, disse ele.

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Ao mesmo tempo, Köppelmann apontou que a principal criptomoeda do mercado, o Bitcoin, também tem um problema de centralização: “Não, caros fãs de Bitcoin, [o cenário] não é melhor no Bitcoin”, ele tuitou. “Na verdade, são necessárias apenas 4 entidades para chegar a >72% [de participação na rede]”.

And no, dear Bitcoin fans, it is not better in Bitcoin. In fact you need only 4 entities to come to >72% pic.twitter.com/EdGDN3Mr6S

— Martin Köppelmann 🇺🇦 (@koeppelmann) September 15, 2022

*Traduzido com autorização do Decrypt.co.

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