“Golpista do Tinder” faz vítima brasileira perder mais de US$ 120 mil em corretora falsa de criptomoedas

Criminoso “britânico” ganhou confiança da vítima antes de induzi-la a aplicar dinheiro em empresa falsa
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Foto: Shuttestock

Uma brasileira foi vítima de um golpista que a ludibriou a colocar mais de US$ 120 mil – o equivalente a cerca de R$ 600 mil – em uma falsa corretora de criptomoedas, segundo informações do jornal Folha de S. Paulo. Trata-se da história da administradora de empresas Aline Fernandes, que conheceu o criminoso no aplicativo de relacionamento Tinder.

A brasileira relatou ao veículo que conheceu pelo Tinder um homem que dizia ser britânico e chamado Jack (a polícia acredita que ele seja brasileiro e que esse seja um nome falso). Após um período de troca de mensagens e ganho de confiança, o golpista começou a falar de sua suposta especialidade: criptomoedas.

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Na primeira fase do golpe, o criminoso explicou para Aline como funcionava o ecossistema das critpomoedas com informações verdadeiras, que retirou dos sites de corretoras. Com isso, ganhou um pouco mais de confiança.

Depois, recomendou que a vítima depositasse dinheiro em uma exchange verdadeira. Nesse ponto “Jack” ganhou ainda mais confiança, pois não pediu senhas ou prints, e Aline ainda teve um ganho de capital com o investimento.

Foi aí o ponto da virada. “Jack” recomendou que tirasse o dinheiro corretora real e transferisse para uma outra exchange chamada BTX. Segundo ele, “valia mais a pena” financeiramente.

Conforme apurou a Folha de S. Paulo, o site Scamosafe, que detecta a veracidade de alguns sites de investimento, apontou que a BTX Exchange é uma corretora fraudulenta, que oferece investimento com moedas fictícias e não tem nenhuma empresa associada a ela.

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Aline aplicou US$ 89 mil na empresa falsa. Ao ver o valor diminuir para US$ 47 mil, tentou retirar o dinheiro, sem sucesso. Quando entrou em contato com o suposto atendimento ao cliente, a “corretora” disse que ela tinha taxas e impostos a serem pagos.

“Cada vez que eu conseguia pagar uma taxa nova – e eram muito altas, tipo R$ 30 mil, R$ 45 mil – chegava outra. Aí tinha a lista de espera, se eu quisesse passar na frente, tinha que pagar mais uma taxa”, disse Aline.

Ao todo, ela gastou 37.568 USDT – a stablecoin da Tether, pareada ao dólar – em taxas.

Destino: carteira

Em entrevista ao jornal, o delegado Thiago Cirino Chinellato, da divisão de Crimes Cibernéticos da Polícia Civil de São Paulo, afirma que Aline pode ter enviado o dinheiro para uma cold wallet.

“O link que ela clicou ao baixar o falso app da BTX também pode ser uma carteira de criptomoeda dele, que ele transformou numa carteira fria [como se tirasse do sistema blockchain e colocasse num dispositivo físico], tornando muito difícil de rastrear”, diz.

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Courtnay Guimarães, cientista chefe de blockchain na empresa de tecnologia Avanade, também deu entrevista sobre o caso: “Uma hipótese é que o fraudador tenha criado uma exchange com regras de negócio próprias, usando vários recursos de código aberto disponíveis no mercado e que isso seja uma quadrilha internacional. As vítimas conseguem entrar com recursos, mas não conseguem mais tirar dinheiro de lá”.

Golpes no Tinder

O uso de aplicativos de relacionamento para atrair vítimas para estelionatos tem sido cada vez mais comum. A prática ficou muito famosa com o lançamento em fevereiro deste ano da série documental “O Golpista do Tinder” na Netflix.

No caso, o israelense Simon Leviev promovia um golpe complexo, no qual conhecia mulheres pelo Tinder. O criminoso promovia um primeiro encontro em um jato, com viagem internacional e comidas luxuosas como caviar. Assim que ganhava a confiança, começava a pedir dinheiro.

A série mostra que pelo menos três mulheres foram financeiramente gravemente lesadas por Leviev.

Reportagem do portal Vice de 2016 revela que uma quadrilha da Nigéria atuava fazendo vítimas brasileiras como quase o mesmo modus operandis: começava como um flerte pelo Facebook e, assim que a confiança era obtida, começava os golpes para esvaziar os bolsos das vítimas.

Um grupo de mulheres brasileiras que foram vítimas da quadrilha nigeriana se juntou para começar a identificar e expôr os golpes promovidos.

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