Fundo brasileiro cripto que operou na FTX encerra operações: “Enorme insegurança”

Giant Satoshi chegou a ter 16 bitcoins na FTX, segundo dados da CVM
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Foto: Shutterstock

A gestora brasileira Giant Steps Capital anunciou nesta quarta-feira (4) que vai encerrar seu fundo de criptomoedas Giant Satoshi, promovido até então como o “primeiro fundo do Brasil que busca performar acima do Bitcoin”.  

Como descreveu a empresa em e-mail enviado aos clientes, a decisão de colocar um fim ao produto no dia 25 de janeiro se deve a desconfianças no mercado de criptomoedas que se intensificaram após a queda da corretora FTX.

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A Giant Satoshi operava os fundos dos clientes no mercado de derivativos dentro da FTX e chegou a ter o equivalente a 16 bitcoins na corretora, conforme dados da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ela afirma, contudo, que não perdeu dinheiro na FTX ao retirá-lo de lá antes do colapso.

“A partir da venda de todos os ativos da FTX, movemos a totalidade do patrimônio do fundo para nosso custodiante principal e mantivemos 100% da carteira do fundo comprada em Bitcoin enquanto definíamos os próximos passos”, contextualiza a empresa no e-mail.

A decisão final, como visto agora, foi acabar de forma definitiva com o fundo Giant Satoshi: “Os acontecimentos recentes envolvendo a FTX revelam uma enorme insegurança institucional que ainda permeia o ecossistema de criptomoedas como um todo, com desdobramentos ainda desconhecidos.”

A Giant Steps afirma que, para rodar a estratégia do fundo cripto, dependia do uso de derivativos disponibilizados apenas por corretoras. Com a ruína da FTX, a gestora constata que outras plataformas que atuam neste ramo não cumprem seus critérios de diligência, nem possuem políticas e infraestrutura tecnológica desejada. “Não estamos confortáveis, portanto, em operar com elas”, diz a gestora ao ver como inviável a continuação do fundo Giant Satoshi.

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A exposição do fundo à FTX

Até julho deste ano, 11,9% do patrimônio líquido do principal fundo cripto da Giant Steps, o Giant Satoshi II Master, estava em bitcoin mantido na FTX. Essa porcentagem era equivalente a 16 BTCs, cotados a R$ 2 milhões na época.

A estimativa é que pelo menos 636 cotistas tinham exposição ao Giant Satoshi II Master, uma vez que ele servia de referência para outros dois produtos: o Giant Satoshi Cripto Advisory, fundo cripto mais popular do grupo, destinado aos clientes da XP, que também é sócio-investidor da Giant Steps; e o Giant Satoshi Cripto, oferecido para investidores de outras corretoras.

Quando a FTX entrou em colapso em novembro, surgiu a especulação no mercado de que a gestora brasileira poderia ter sido afetada. Afinal, os dados de julho que mostravam a exposição à FTX eram os mais recentes disponíveis para consulta na CVM, uma vez que a empresa usou uma manobra legal para ocultar ao público geral os relatórios dos meses de agosto, setembro e outubro.

Questionada sobre isso na época, a equipe da Giant Steps garantiu que não havia sofrido prejuízo na FTX: “A Giant utilizava a FTX para operar uma parcela minoritária dos trades de spot e futuros da carteira do fundo Satoshi, posições essas que foram vendidas em sua totalidade, não havendo perdas a serem reconhecidas.”

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