O FBI, a Polícia Federal dos Estados Unidos, já apreendeu mais de US$ 100 milhões em criptomoedas ligadas a atividades ilícitas desde 2015. As apreensões foram realizadas em pelo menos 254 casos, afirmou o ex-diretor do Serviço Secreto, David Smith, em uma entrevista à CNBC publicada na terça-feira (19).
De acordo com Smith, a maioria dos casos estão ligados a crimes cibernéticos cometidos por grupos de hackers da Rússia e Coreia do Norte que agem para lavar dinheiro e disseminar ransomwares — um tipo de vírus que rouba informações.
Para ele, decifrar um caso que envolva criptomoedas é muitas vezes como estar em uma “casa de espelhos”, ou seja, diante de um quebra-cabeça labiríntico. “Quando você segue uma carteira de criptomoedas, não é diferente de um endereço de e-mail que possui alguns identificadores correlacionados”.
Ele acrescentou ainda que “uma vez que uma pessoa e outra fazem uma transação, e isso entra no blockchain, temos a capacidade de seguir esse endereço de e-mail ou endereço de carteira, se você quiser, e rastreá-lo através do blockchain”.
Em resumo, quando os agentes federais identificam uma atividade ilegal, o primeiro passo é desconstruí-la. Como explicou Smith usando como exemplo uma conta de e-mail. “Eu posso desconstruir, encontrar qualquer informação que você usou quando você se conectou inicialmente ou se inscreveu para esse endereço de e-mail.”
FBI de olho nas stablecoins
Smith, que atuou no Serviço Secreto por 33 anos — ele se aposentou em janeiro deste ano conforme uma atualização em sua página no LinkedIn — disse também que a movimentação de fundos em criptomoedas é muito mais rápida que o formato tradicional, o que torna atraente tanto para consumidores quanto para criminosos.
No caso dos hackers do mal, Smith disse que eles se esforçam ao máximo para tornar uma situação mais confusa e menos fácil de lidar, o que ele descreveu como “turvar as águas”. Apesar das dificuldades, o foco dos agentes federais é “rastrear isso o mais rápido possível, da forma mais agressiva possível, de maneira linear”.
Sobre novas vertentes do crime de lavagem de dinheiro, mais precisamente sobre a troca de bitcoin por stablecoin, o ex-agente disse que os departamentos de polícias observam atentamente o mercado.
“Porque, você sabe, os criminosos são humanos também. Eles querem evitar parte dessa volatilidade do mercado associada a algumas das principais moedas”, concluiu.