Faraó do Bitcoin volta para o Rio após decisão da Justiça

Glaidson Acácio, o “Faraó do Bitcoin”, ficará no Rio para audiências presenciais em outubro e não se sabe se retornará para Catanduvas depois

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Glaidson Acácio dos Santos, mais conhecido como Faraó do Bitcoin (Foto: Reprodução)

Glaidson Acácio dos Santos, o “Faraó do Bitcoin” e líder da pirâmide de criptomoedas GAS Consultoria, irá voltar para a prisão no Rio de Janeiro depois de decisão da Justiça Federal.

Desde 2023 ele está no Presídio Federal de Catanduvas, no Paraná, mas agora voltará ao seu estado para participar de audiências presenciais marcadas para os dias 7, 8 e 9 de outubro de 2025, na 3ª Vara Federal Criminal, no Rio.

As informações são do site G1, que diz que a decisão foi tomada após pedido da Justiça do RJ, que manteve o formato presencial das oitivas, apesar de manifestação da Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), que sugeriu o uso de videoconferência para reduzir riscos à segurança pública.

Apesar disso, ainda não está claro se Glaidson irá retornar para o presídio de Catanduvas após as audiências. Em julho, a defesa do “Faraó” pediu para que ele fosse enviado ao RJ, mas o juiz negou citando que eles estariam tentando atrapalhar o andamento do processo.

No despacho para o retorno ao RJ, o juiz reforçou algo que já tinha sido apontado anteriormente, de que Glaidson teria continuado sua atuação criminosa mesmo após ser preso em 2021 durante a Operação Kryptos, da Polícia Federal.

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Segundo o Ministério Público, dentro da prisão no Rio, ele teria mantido liderança de uma organização criminosa voltada a fraudes financeiras, corrupção de agentes públicos e até homicídios de concorrentes no mercado de criptomoedas. O MP lembra que Glaidson foi pronunciado por homicídio em São Pedro da Aldeia, em 2022, e responde ainda por duas tentativas de assassinato em Cabo Frio.

De acordo com a reportagem do G1, o “Faraó” acumula 25 anotações criminais por crimes como organização criminosa, estelionato, denunciação caluniosa e homicídio, além de 73 registros de ocorrências policiais, sendo 69 como autor ou envolvido.

Ao citar a continuidade dos crimes após a prisão, o juiz disse que “as audiências poderiam ter sido designadas de forma virtual”, mas que não cabia a ele decidir sobre o formato.

O juiz observou que, como a Justiça do Rio manteve a determinação de audiências presenciais, deve-se cumprir o retorno do réu, em consonância com o Enunciado nº 42 do colegiado de juízes dos presídios federais, que prevê a devolução do preso ao estado de origem quando não se opta por videoconferência.

A história do “Faraó do Bitcoin”

GAS Consultoria, empresa de Glaidson, captava clientes com promessas de rendimentos que supostamente viriam do trade de criptomoedas. Mais tarde, seu modelo de operação de pirâmide financeira desencadeou uma série de investigações pelas autoridades brasileiras. As investigações falam em uma movimentação de R$ 38 bilhões pelo esquema ao longo dos anos.

Glaidson, que ficou conhecido como “Faraó do Bitcoin”, foi preso na manhã do dia 25 de agosto de 2021 na Operação Kryptos. Na ocasião, outros membros do esquema foram presos, enquanto alguns conseguiram escapar da polícia e fugir do Brasil, como a esposa de Glaidson, Mirelis Yoseline Dias Zerpa, que acabou presa em janeiro de 2024 em Chicago (EUA) por morar ilegalmente no país. Em junho deste ano, Mirelis foi deportada para o Brasil pelos Estados Unidos.

Na ocasião da prisão de Glaidson e demais suspeitos, os agentes da PF e Receita Federal apreenderam 591 bitcoins, dezenas de carros de luxo e mais de R$ 13 milhões em espécie.

Diversas pessoas próximas ao casal confirmam que a divisão de tarefas dentro da GAS era clara: Glaidson lidava com as pessoas e Mirelis com o dinheiro

Em 2023, a GAS Consultoria fez parte de uma extensa lista de empresas convocadas na CPI das Pirâmides, que também intimou o Faraó do Bitcoin. Em depoimento, o ex-garçom protagonizou uma série de bate-bocas com alguns deputados e chegou a ser chamado por um parlamentar de “um dos maiores bandidos da história do sistema financeiro nacional”.

Além do roubo do dinheiro de milhares de investidores brasileiros pela pirâmide financeira da GAS, o Faraó do Bitcoin também é acusado de ser líder de uma organização que monitorava e assassinava rivais no mercado de criptomoedas, como mostram áudios obtidos pelas autoridades.

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