O investidor e ex-diretor de tecnologia da Coinbase, Balaji Srinivasan, está tão confiante que o preço do bitcoin vai bater US$ 1 milhão em 90 dias que decidiu arriscar seu dinheiro para provar o ponto.
A ideia veio na sexta-feira (17) em resposta ao seguinte tweet de James Medlock: “Aposto US$ 1 milhão com qualquer um que os EUA não entram em uma hiperinflação”.
“Eu vou aceitar essa aposta”, retrucou o investidor, que em seguida descreveu os termos do acordo: “Alguém pode configurar um contrato inteligente em que, se o BTC valer mais de US$ 1 milhão em 90 dias, eu ganho. Se valer menos de US$ 1 milhão em 90 dias, a contraparte receberá US$ 1 milhão”.
Ele afirmou que vai desembolsar US$ 2 milhões para a apostar contra Medlock e mais alguma outra pessoa que acredita que ele esteja errado, “o suficiente para provar o ponto”.
Apesar da confiança inabalada, a aposta é altamente arriscada para Srinivasan — algo que o próprio reconhece: “A probabilidade é de cerca de 40:1, já que 1 BTC vale US$ 26 mil hoje”.
I will take that bet.
— Balaji (@balajis) March 17, 2023
You buy 1 BTC.
I will send $1M USD.
This is ~40:1 odds as 1 BTC is worth ~$26k.
The term is 90 days.
All we need is a mutually agreed custodian who will still be there to settle this in the event of digital dollar devaluation.
If someone knows how to do this… https://t.co/tcuBNd679T pic.twitter.com/6Aav9KeJpe
Um dia depois do tweet, o preço do bitcoin já superou o nível de US$ 27 mil e é negociado neste sábado (18) a US$ 27.490, com uma alta de 35% na semana.
Crise bancária como cenário da aposta
Após anunciar sua aposta milionária no bitcoin, Balaji Srinivasan dedicou uma série de tweets para explicar por que acredita que a criptomoeda líder do mercado vai valer US$ 1 milhão em 90 dias.
Tudo começa com a crise bancária que se desenvolve nos Estados Unidos e a decisão do governo americano de intervir para salvar os bancos em apuros.
Srinivasan argumenta que o momento atual relembra a crise de 2008, no qual os “banqueiros mentiram”. A diferença agora é que além deles, os bancos centrais e reguladores também estão “mentindo para todos os depositantes de dólar”.
“O problema é que não há [dinheiro] o suficiente nos bancos para cobrir os saques. Eles sabiam disso durante todo o ano passado e o comunicaram internamente em sua linguagem codificada. Os bancos centrais, os bancos e os reguladores bancários sabiam que um grande colapso estava chegando — a frase é “perdas não realizadas”. Mas eles nunca notificaram você, o depositante”, alarma o investidor.
Ele culpa os reguladores por permitirem que bancos “escondessem sua insolvência em notas de rodapé” e compara a situação atual com o que Sam Bankman-Fried fez com sua falida corretora de criptomoedas FTX:
“Assim como o SBF usou seus depósitos para comprar shitcoins, usando truques contábeis para enganar a si mesmo e aos outros a usar o dinheiro, os bancos também o fizeram. Todos eles usaram os depósitos para comprar a shitcoin definitiva: títulos do Tesouro dos EUA de longo prazo.”
O investidor aponta que os bancos se deram mal ao comprar enormes quantidades de títulos do Tesouro de longo prazo em 2021, quando a enxurrada de dinheiro impresso cortou a demanda típica de empréstimos, na confiança que o Fed manteria as taxas de juros baixas para sempre.
“Qualquer um que apostou em títulos do Tesouro de longo prazo foi morto em 2021. E agora, qualquer um que apostar em títulos do Tesouro de curto prazo será morto em 2023. O pior lugar que você pode estar é ter grandes quantidades de ativos trancados em títulos do tesouro de três meses. A maioria das contas bancárias fiduciárias são agora uma armadilha para aqueles países cujos banqueiros centrais seguiram o Fed”, argumenta Srinivasan.
Os argumentos a favor do Bitcoin
Balaji Srinivasan acredita que o cenário que se forma nos EUA, de uma possível hiperinflação, só tende a fortalecer o bitcoin, e por isso está tão confiante que a moeda engate uma valorização ainda mais expressiva no futuro próximo.
“Temos que definir hiperinflação em termos BTC vs USD porque todas as outras moedas fiduciárias podem e serão infladas”, diz o investidor.
Ele nomeia esse evento de “hiperbitcoinização”, uma fase em que o mundo redenomina o Bitcoin como ouro digital. Essa fase começa quando indivíduos, seguidos por empresas e grandes fundos, passam a comprar bitcoin para proteger seu capital.
A grande virada de chave para ele será quando um estado dos EUA — como Flórida ou Texas — ou um país “normal” — como Estônia, Singapura, Arábia Saudita, Hungria ou Emirados Árabes — começar a comprar bitcoin para suas reservas.
“Por que será tão rápido? Bem, a hiperinflação acontece rápido. Vimos pandemias digitais (COVID), tumultos digitais (BLM) e corridas a bancos digitais (SVB). Tudo acontecerá muito rápido quando as pessoas verificarem o que estou dizendo e perceberem que o Federal Reserve mentiu sobre quanto dinheiro há nos bancos.”
“A desvalorização digital do dólar está chegando e vai ser intensa”, conclui Srinivasan.
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