O Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) anunciou nesta quarta-feira (18) a prisão do cidadão russo Anatoly Legkodymov, que é apontado como o criador da Bitzlato. Trata-se de uma corretora de criptomoedas com sede em Hong Kong e que, segundo os procuradores, processou mais de US$ 700 milhões de origem ilícita, sendo uma parte vinda de ransomwares.
Além da prisão propriamente dita, o caso pode abrir o precedente de uma postura mais rígida dos reguladores do país contra empresas de criptomoedas que sejam suspeita de processar dinheiro vindo de origem obscura, mesmo que operem no exterior. Vale lembrar que maior exchange do mundo, a Binance está sendo investigada no país por suposta facilitação de lavagem de dinheiro.
A Bitzlato teria como um dos trunfos do seu marketing o fato de pedir informações mínimas para abrir contas, ressaltando que não era necessário o envio de fotos nem cópias do passaporte dos clientes.
Segundo o DoJ, como consequência dessa política de quase ausência de KYC (“Know Your Customer”, expressão em inglês que significa “conheça seu cliente”), a corretora se tornou um refúgio para o dinheiro de criminosos e ativos que seriam utilizados para práticas ilícitas.
As autoridades americanas afirmam que a maior parceira comercial da Bitzlato era a Hydra Market, o comércio ilegal online da deep web que negociava drogas, informações roubadas, ferramentas para lavagem de dinheiro e documentos de identidade falsos.
Comandado por grande organização criminosa russa, o Hydra Market foi fechado em abril de 2022 após uma ação conjunta de autoridades dos Estados Unidos e Alemanha.
Legkodymov foi preso em Miami, onde morou nos últimos anos. Ele é acusado do crime de comandar um negócio ilegal de transmissão de dinheiro e, caso seja condenado, pode pegar uma pena máxima de cinco anos de prisão.
“Instituições que negociam criptomoedas não estão acima da lei e seus donos não estão fora do nosso alcance”, disse o procurador Breon Peace. “A Bitzlato se vendeu para criminosos como uma corretora que não fazia perguntas e conseguiu centenas de milhões de dólares em depósitos como resultado. O réu agora está pagando o preço pelo papel nefasto que sua empresa desempenhou no ecossistema cripto”.
Hydra, o maior comércio ilegal da deep web
A Hydra era até seu fechamento o maior mercado de produtos ilícitos já feito na Internet. No dia 5 de abril de 2022, a polícia da Alemanha conseguiu localizar os servidores que mantinham o site e apreenderam o equivalente a 23 milhões de euros em bitcoins. Pouco depois, autoridades da Rússia prenderam Dmitry Pavlov, acusado de ser o chefe do mercado ilegal.
Conforme aponta reportagem da BBC, a polícia alemã afirma que o site tinha 19 mil vendedores registrados em seu marketplace e 17 milhões de consumidores.
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