A crise que assola o mercado de fintechs atingiu também o Grupo Primo, a empresa de Thiago Nigro (Primo Rico), o maior influencer de finanças do Brasil. O grupo confirmou nesta quarta-feira (08) ao Portal do Bitcoin que demitiu 20% dos cerca de 280 funcionários — mais de 55 pessoas.
Três pessoas que foram demitidas conversaram com a reportagem sobre o que aconteceu. Todas pediram para não serem identificadas. Conforme os relatos, os desligamentos começaram na sexta-feira (03) e continuaram na segunda (06).
Os agora ex-funcionários tinham entre um ano e três meses de casa e eram de diferentes setores. Para todos, a empresa afirmou que os cortes não era uma questão de performance, mas sim de “reestruturação”.
“Fui demitida pessoalmente, me chamaram numa sala e recebi a notícia. A seguir, me mandaram para o RH e o próprio RH pegou minhas coisas na mesa e já saí da empresa. Fiquei muito chateada, era uma empresa ótima de trabalhar”, disse a profissional com mais tempo de casa.
Segundo a empresa, a “desmobilização” é necessária para manter o “negócio saudável e forte para o longo prazo”, referindo-se aos processos de integração que ocorrem na companhia.
Acerca desses processos, a empresa afirma que há uma incorporação de “sistemas e times” com outras instituições, citando, por exemplo, a casa de análises Spiti e a empresa do ramo de educação financeira, Top Invest. Vale lembrar que o Primo Rico também adquiriu recentemente parte minoritária da Paradigma Education, de análises do mercado de criptomoedas.
Funcionários da empresa do Primo Rico
Em nota, a empresa de Thiago Nigro reforçou o crescimento do time nos últimos meses: “Fomos de 34 pessoas em janeiro de 2021 para 280 pessoas em março/22, ou seja, aumentamos nosso quadro em 246 pessoas em pouco mais de um ano”.
Um dos colaboradores, que havia sido contratado há dois meses, afirmou que algumas demissões ocorreram nas semanas anteriores: “Sempre ouvíamos de pessoas que tinham saído”.
Este profissional também disse que gostava da companhia, mas que havia se decepcionado: “Quando me contrataram disseram uma coisa, que estava tudo encaminhado. Depois de dois meses tudo muda e tem que dispensar? Não faz sentido”, comentou.
Um terceiro profissional disse que a demissão foi totalmente inesperada. Contratado em março, ele conta que sempre recebeu ótimos feedbacks dentro da empresa.
“Não explicaram muito. Só disseram que era uma reestruturação. Agora é replanejar a rota, ver as oportunidades e tentar se recolocar no mercado”, relatou.
Embora tenha dispensado parte dos colaboradores, o Grupo Primo afirmou em nota que vem crescendo há sete trimestres e que há previsão de lucro recorde no fechamento do próximo período.
Demissões no setor de criptomoedas
As demissões feitas pelo Grupo Primo seguem as várias providências já tomadas por corretoras de criptomoedas, inclusive no Brasil, que tentam proteger suas operações em meio à queda do mercado cripto que, até o momento, não demonstra sinais claros de recuperação.
Na última quinta-feira, a corretora Gemini, dos bilionários irmãos Tyler e Cameron Winklevoss, anunciou a demissão de 10% da equipe.
Um dia antes, a 2TM, controladora da corretora Mercado Bitcoin, também havia anunciado cortes no quadro de funcionários. Nesse meio tempo, executivos de alto escalão deixaram a gestora de investimentos de risco da Binance, a Binance Labs.
Em abril e maio, as corretoras Bitso, Robinhood e Buenbit também diminuíram o quadro de funcionários.
Na Robinhood, foram demitidas cerca de 300 pessoas enquanto na corretora mexicana Bitso, pelo menos 80 profissionais deixaram seus postos. Na época, a Buenbit também passou a dispensar seus colaboradores, em uma ação que poderia custar 50% dos cargos da empresa, segundo apuração do portal Bloomberg Línea.
Pelo que se sabe até o momento, a Coinbase não demitiu funcionários, mas rescindiu todos os contratos em aberto e estendeu a pausa nas contratações anunciadas anteriormente.
*Colaborou Wagner Riggs.