El Salvador desafia FMI e continua comprando 1 Bitcoin por dia

Governo de Nayib Bukele ignora cláusula de acordo com o Fundo e amplia suas reservas em BTC para 6.230 unidades

Bitcoins sobre bandeira de El Salvador

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O governo de El Salvador voltou a comprar Bitcoin (BTC), contrariando orientações explícitas do Fundo Monetário Internacional (FMI), que recentemente liberou US$ 120 milhões ao país como parte de um empréstimo de US$ 1,4 bilhão. A compra mais recente, realizada em 5 de julho, adicionou 8 BTC às reservas governamentais, elevando o total para aproximadamente 6.230 BTC — algo em torno de US$ 680 milhões, segundo dados da Arkham Intelligence.

A aquisição foi divulgada pela conta oficial do Escritório de Bitcoin de El Salvador X, e representa mais uma etapa no programa de compra diária de 1 BTC, implementado pelo presidente Nayib Bukele desde o fim de 2022. De acordo com o site oficial da iniciativa, o ritmo de compras permanece constante, mesmo após o acordo firmado com o FMI.

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Apesar de o FMI ter estabelecido que El Salvador deve manter inalterada a quantidade de Bitcoin sob posse do governo, o país segue acumulando o ativo. Em declarações anteriores, o FMI afirmou esperar que não haja “acumulação voluntária de bitcoins pelo setor público” durante a vigência do programa, sinalizando que novas compras estariam em desacordo com os compromissos assumidos.

Ainda assim, nem o governo sde EL Salvador nem o próprio FMI explicaram com clareza como as aquisições diárias se encaixam no escopo do acordo, comenta o Cryptopotato. O diretor do FMI Rodrigo Valdés declarou apenas que a prioridade é que os ativos em BTC não sejam ampliados no setor fiscal — uma definição que parece deixar brechas quanto à forma de contabilização dos fundos envolvidos.

Já o Escritório Nacional do Bitcoin, comandado por Stacy Herbert — norte-americana naturalizada salvadorenha —, sustenta que as compras diárias não violam os termos do acordo, classificando-as como parte de “outras opções de financiamento”.

A nova aquisição também acontece poucos meses após mudanças na chamada “Lei Bitcoin”, que retiraram do Bitcoin o status de moeda de curso forçado obrigatório, mas o mantiveram como moeda opcional — atendendo às exigências do FMI e, ao mesmo tempo, preservando a narrativa do presidente  Nayib Bukele.

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O silêncio oficial sobre a contradição entre o discurso do FMI e as ações do governo salvadorenho alimenta incertezas sobre os rumos da política econômica do país — e sobre o futuro das relações com o Fundo.