O Ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou nesta segunda-feira que o “Brasil vai mais uma vez desmentir as previsões dos pessimistas”.
A declaração ocorreu após divulgação da pesquisa de mercado do boletim Focus sinalizando crescimento do PIB de 2% em 2022, e dólar em R$ 5,20.
Guedes disse que tais analistas são “negacionistas em matéria econômica”, pois os fundamentos fiscais “nunca estiveram tão tranquilos”. Afinal, quem tem razão?
Quem define o valor da moeda brasileira?
O governo certamente tenta impor limites informais, e até mesmo realizar compras no mercado aberto quando ocorrem quedas na cotação. Isso mesmo, nem sempre o Banco Central atua para reduzir a cotação do dólar.
No entanto, os 350 bilhões de dólares de reservas internacionais não podem ser comprometidos para segurar a cotação em determinado nível. Por isso, o Brasil possui um regime flutuante de câmbio
Em suma, o câmbio é definido pelo fluxo de entrada e saída de capitais, que envolve investimentos, pagamento de juros, importações, exportações, remessas de lucro, transferências de valores, entre outros.
Quais as chances do dólar ficar abaixo de R$ 5?
Baixas. As reformas citadas pelo Ministro envolvem severos cortes de gastos, reformulação tributária, e outras medidas que necessariamente provocam a contração da economia, ou, no mínimo, freiam seu avanço.
Além disso, obter consenso entre Congresso e Senado, especialmente quando o assunto é cortar gastos ou reduzir benefícios, é quase impossível.
Outra questão ignorada por Guedes é o efeito da queda da receita, que em parte é criada por um câmbio desvalorizado. Embora não seja imediato, o dólar baixo penaliza exportadores, e o próprio Banco Central. Em suma, este “jogo” envolve diversas forças, muitas vezes antagônicas.
Quanto vale o Real brasileiro?
Utilizando o padrão mais conservador, conhecido como “base monetária”, o Brasil encontra-se na 10ª colocação.
Acima temos os dados extraídos do Crypto Voices, um excelente blog de economia coordenado por Fernando Ulrich.
Em suma, a base monetária do Brasil representa apenas 0,3% do total. Nossa representatividade nesse quesito é igual à da Tailândia, país que não figura dentre as 20 maiores economias.
O Bitcoin compete com essas moedas?
Não, ao menos de forma direta, o Bitcoin compete com imóveis e ouro, no sentido de armazenar valor. A principal função das moedas fiduciárias, emitidas por governos, é facilitar as trocas, e de certa forma, ser mais um instrumento de controle dos Bancos Centrais e governos.
No entanto, na medida em que mais empresas e pessoas passem a utilizar o Bitcoin como reserva de valor, e mais adiante, meio de troca, este poderá servir de base para novos sistemas monetários.
Sobre o autor
Marcel Pechman atuou como trader por 18 anos nos bancos UBS, Deutsche e Safra. Em 2017, se tornou trader e analista de criptomoedas. Maximalista convicto, assina também o canal no Youtube RadarBTC.