CPI deve convocar sócios de pirâmide “rival” da Braiscompany, mas deixa principal líder de fora

O nome de Bueno Aires, dono da Fiji Solutions também investigado por crime de abuso sexual infantil, não aparece no requerimento
Empresário dono da Fiji Solutions, Bueno Aires, falando ao microfone

Líder da Fiji Solutions, Bueno Aires José Soares Souza, falando ao microfone (Imagem: Reprodução)

O deputado federal Francisco Emerson Assis de Lucena (PP/PB), o ‘Mersinho Lucena’, protocolou na última quinta-feira (6) um pedido de convocação para a CPI das Pirâmides de sócios da Fiji Solutions, pirâmide com criptomoedas da Paraíba.

O nome do empresário apontado pela imprensa paraibana como principal líder da empresa rival da Braiscompany, no entanto, não aparece no requerimento.

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De acordo com o documento — REQ 106/2023 —, Lucena requer que sejam convocados, “na condição de investigados”, Breno de Vasconcelos Azevedo e Emiliene Marília do Nascimento. O nome do suposto chefe do esquema, Bueno Aires José Soares Souza, no entanto, não é citado.

Além do esquema da Fiji Solutions, Bueno Aires também foi alvo da operação ‘Ilha da Fantasia’ deflagrada no mês passado pela Polícia Federal e preso por crime de abuso sexual infantil. Na ocasião, Breno e Emiliene também foram detidos, mas soltos depois após um habeas corpus da Justiça federal.

A Fiji Solutions, de Campina Grande, na Paraíba, como a Braiscompany, é acusada de funcionar como uma pirâmide financeira que oferecia promessas de rendimentos mediante contratos de investimentos com criptomoedas. 

Segundo as informações da Polícia Federal, estima-se que foram movidos cerca de R$ 600 milhões, nos últimos três anos, pelas partes envolvidas no esquema. Além da Fiji, a empresa Softbank Softwares, que desenvolvia a tecnologia da Fiji, também foi alvo da operação.

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“A Fiji Solutions é uma empresa [de] gestão de contratos de criptomoedas, onde o cliente cede para a empresa controle da porcentagem da criptomoeda que foi adquirido pela corretora, prometendo, assim uma quantia irreal de dinheiro para os investidores”, descreve o deputado autor do requerimento.

Ele acrescenta que o Ministério Público da Paraíba foi à justiça para conceder o bloqueio de 399 milhões de reais “por calote realizado aos investidores”.

No mês passado, a CPI das Pirâmides Financeiras aprovou a convocação de Antônio Neto Ais e Fabrícia Campos, criadores foragidos da Braiscompany. Assim como a Fiji, o negócio oferecia rendimentos através de contratos de locação de criptoativos.

Novos requerimentos da CPI das Pirâmides

Uma nova leva de requerimentos para depoimentos na CPI das Pirâmides Financeiras foi protocolada na última quinta-feira (6). O destaque fica por conta do pedido do deputado Gutemberg Reis (MDB/RJ) para que os presidentes dos clubes de futebol Santos e Atlético Goianiense sejam convocados como testemunhas para falarem da relação com o cassino online Blaze. 

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Na justificativa, o deputado cita a reportagem que o Portal do Bitcoin produziu em parceria com a rede global de jornalistas que investigam crimes transnacionais OCCRP (Organized Crime and Corruption Reporting Project). O material aponta que a empresa é acusada em 15 processos judiciais de fraudar clientes brasileiros.

Além do pedido de convocação, Gutemberg protocolou nove pedidos de convites. Oito dos requerimentos são para empresários e outros agentes (advogados e jornalistas, por exemplo) que estão familiarizados com o setor. A meta é que expliquem como funcionam suas respectivas áreas de atuação.

O requerimento 103 também é um convite, mas é para que que Ronaldinho Gaúcho, seu irmão Assis, e mais dois associados, prestem informações sobre a suspeita de terem se envolvido com uma pirâmide financeira chamada “18K Ronaldinho”.

Reportagem do Portal do Bitcoin mostra que um dos deputados cogitou convocar Ronaldinho como investigado, mas retirou o requerimento. Mesmo assim, o relator, Ricardo Silva (PSD/SP), tem um requerimento para que Ronaldinho seja convocado na qualidade de testemunha e a expectativa é que o pedido seja aprovado.