Você já se perguntou ‘quais são as criptomoedas com maior e menor quantidade do mundo’? A resposta para essa questão é que não dá para saber exatamente, por causa da enxurrada de tokens que passaram a inundar o mercado cripto desde o surgimento do Bitcoin (BTC) em 2009 — mas é possível arriscar alguns nomes.
Segundo o agregador CoinMarketCap, há pelo menos 22,6 mil tokens circulando no mercado nos dias de hoje. Nesse enorme grupo, foi possível encontrar a ShibaZilla, que possui 69 sextilhões de tokens em circulação, e a 42-coin, com apenas 42 tokens emitidos.
Quem acompanha o setor cripto sabe que um dos maiores atributos do Bitcoin é ser escasso. No futuro, quando todos os BTCs forem minerados, vão existir apenas 21 milhões de unidades da moeda para uma população de bilhões. Por conta disso, o Bitcoin é visto como uma reserva de valor, assim como o ouro.
Ao longo dos anos surgiram as altcoins: Litecoin (LTC), que é hard fork do Bitcoin, foi uma das primeiras, cujo supply atual é de 84 milhões, portanto, menos escasso que o BTC. Ethereum (ETH) avançou mais um pouquinho quando foi lançado em 2015 — sem um supply fixo, que hoje fica por volta de 122 milhões de unidades — enquanto a oferta de XRP, token da rede Ripple, é ainda maior, de cerca de 50 bilhões de tokens.
O Portal do Bitcoin selecionou dois projetos cripto que podem ser o de maior e menor quantidade de tokens emitidos, dado ao exagero ou limitação de seus supplies. Vale ressaltar que ambos projetos são de grande risco, ou seja, podem ser golpes.
Maior oferta: ShibaZilla
O projeto Shibazilla emitiu 69,000,000,000,000,000,000,000 (69 sextilhões) de tokens em seu lançamento em 2021, tornando um dos tokens de maior oferta no mercado. Esse número gigantesco de zeros nem sempre é notado pelo investidor que acaba comprando milhões de tokens com pouco dinheiro. No entanto, isso não passa de ilusão.
Para entender melhor sobre o tema, a reportagem consultou o especialista em segurança cibernética, Leandro Trindade, COO na aCCESS Security Lab. Para ele, “o problema de moedas com o supply muito alto é que elas levam a uma falsa percepção de ser barata, e de que você, ao comprar ela, poderia enriquecer por ter muitas unidades”.
“Elas se aproveitam da dificuldade que as pessoas têm em conceitos abstratos como o suprimento e demanda, e com isso conseguem arrancar o dinheiro de investidores menos experientes. Não acredito que ninguém deveria comprar”, aconselhou.
Trindade destaca também que o investidor deve sempre se informar antes de fazer qualquer compra. “É importante, ao avaliar o seu investimento, que seja feito um estudo de como esse supply das moedas, por maior que seja, é distribuído, a grande maioria das vezes dá para perceber que o maior holder da moeda é o próprio desenvolvedor, ou uma pequena minoria de interessados”.
Ele acrescenta que outra medida importante do investidor é avaliar a demanda da moeda, que problemas resolve real. “Moedas que não tem um problema para atacar não conseguem reter um valor intrínseco. E mesmo que se pense em usá-las para mera especulação é preciso lembrar da teoria do maior trouxa, uma hora o maior poderá ser você”, avisou o especialista.
No Coinmaketcap, o SHIBAZILLA é classificado na 4609ª, mas seu preço fica mais evidenciado nos dados da plataforma CoinGecko, valendo US$ US$ 0,000000000000000020 por unidade — são dez casas decimais a mais que do Bitcoin. A unidade mínima do BTC é 1 Satoshi, que corresponde a 0,00000001 BTC — oito casas decimais. Atualmente existem 2.504 endereços de carteiras para um market cap de US$ 1,2 milhão.
A conta do projeto no Twitter criada em 2021 tem cerca de 10 mil seguidores. No último dia 8, a equipe da ShibaZilla comunicou na rede uma atualização no contrato inteligente do projeto. Uma notificação no site Coingecko diz que “a ShibaZilla (SHIBAZILLA) migrou de seu antigo contrato para um novo”.
O site do projeto também é fraco de informações, chegando a ter uma página inteira com texto fictício, também conhecidos como ‘Lorem ipsum’, usado especificamente para preencher espaços vazios. Portanto, tome cuidado com projetos como este.
Menor oferta: 42-coin
O projeto 42-coin por si só sugere ser muito controverso, começando com seu um ínfimo supply de apenas 42 moedas mineradas. Sobre essa criptomoeda, Trindade comentou apenas o seguinte:
“A 42 coin se não me engano já caiu de scam”. O termo ‘scam’ traduzido para português significa golpe ou fraude.
A reportagem levantou alguns números sobre o duvidoso projeto cripto.
Com um market cap de US$ 1,16 milhão, a 42-coin se instala na 1369ª posição no ranking do Coinmarketcap e na 1891ª no Coingecko. No primeiro, a 42-coin passou a ser monitorada em 14 de janeiro de 2014 com preço de US$ 793 mil; um ano depois, caiu para cerca de US$ 1 mil.
Em 2016, a moeda teve uma baixa para apenas US$ 23, e mais tarde, com oscilações bruscas, seu preço esteve tanto na casa dos US$ 1 mil quanto nas casas dos US$ 70 mil e US$ 200 mil entre 2017 e novembro de 2022, respectivamente. Depois disso, o preço se “estabilizou” na casa dos US$ 40 mil. Neste início de 2023, a 42 Coin chegou a ser negociada em cerca de US$ 28 mil.
A conta da 42-coin no Twitter foi criada em 2016, portanto, dois anos após a moeda passar a circular. A comunidade é pequena, com cerca de 2,4 mil seguidores.
O último tweet da equipe ocorreu na sexta-feira (24) pela manhã. Antes deste, no dia 1 de fevereiro, outro post dizia que a 42-coin pode ser transacionada através da carteira cripto Trust Wallet.
O post ocorreu há cerca de três meses do último, feito em outubro de 2022. Portanto, alguém da equipe mostra que o projeto continua vivo. A criptomoeda só está listada em uma exchange, a Finexbox, com um volume diário na faixa de US$ 100. A 42-coin possui três endereços ativados, sendo um deles com a maior parte das criptomoedas, 41.9859, conforme dados na BNB Chain. Ressaltando, tome cuidado com projetos como este.
- Clique aqui e acompanhe o Portal do Bitcoin no Google Notícias