Parece que instalar spyware em telefones celulares não é algo tão fácil quanto parece.
Os advogados de Sam Bankman-Fried (SBF), o infame criador da falida corretora FTX, disseram nesta quinta-feira (20) que encontraram desafios inesperados ao tentar cumprir uma condições estabelecidas pela Justiça dos EUA para sua fiança.
O ponto em questão é a instalação de software de monitoramento nos smartphones dos pais de SBF. Esse equipamento tiraria fotos a cada cinco minutos, para monitorar constantemente o usuário.
“Descobrimos recentemente que o software de monitoramento instalado nos novos celulares que compramos para os pais do Sr. Bankman-Fried não pode, de fato, fotografar automaticamente o usuário do dispositivo a cada cinco minutos, conforme exigido pelo pedido”, escreveram os advogados Mark Cohen e Christian Everdell.
Embora o modelo de telefones celulares usados não tenha sido divulgado, os smartphones modernos — incluindo iPhones com iOS, Android e dispositivos com sistemas operacionais focados na privacidade, como o GrapheneOS — intensificaram suas medidas de segurança, incluindo o sandbox de aplicativos.
O sandboxing em smartphones é uma prática de segurança que isola aplicações em um ambiente restrito, protegendo o sistema operacional do dispositivo e outros dados de potenciais danos. Cria uma “zona segura” para as aplicações, limitando o impacto de um software malicioso ou vulnerabilidades.
Além disso, em outubro, a Apple lançou um novo modo de bloqueio para os dispositivos com iOS 16, iPadOS 16 e macOS Ventura. O recurso de segurança opcional é projetado para aqueles que enfrentam ameaças digitais avançadas e limita a funcionalidade do dispositivo — incluindo restrições de navegação na web e bloqueio de chamadas FaceTime recebidas — para reduzir a exposição a spyware.
“Se eles quisessem fazer isso, eles poderiam forçar o uso de um dispositivo [baseado em Android] e empregar um rootkit para instalar um aplicativo personalizado, ou desenvolver um aplicativo que esteja em conformidade com os termos e condições da App Store da Apple”, segundo o que Steven Walbroehl, cofundador e CTO da empresa de segurança cibernética blockchain Halborn, disse ao Decrypt.
“Outra alternativa é a de desbloquear o dispositivo e contornar as restrições do sistema operacional”. Embora não seja ilegal, o desbloqueio viola os Termos de Serviço da Apple e invalida quaisquer garantias.
“Soluções alternativas”
A defesa disse que está explorando “soluções alternativas” que monitorariam os telefones celulares dos pais de Bankman-Fried, conforme exigido nas estipulações da ordem.
“Não é ilegal desbloquear um telefone”, disse Walbroehl. “A Lei de direitos autorais digitais de 2010 concede aos usuários o direito de acesso root aos seus telefones, mas eles são legalmente responsáveis por cumprir a lei de direitos autorais sobre o que eles colocam nele.”
No Carta ao Juiz Presidente Lewis Kaplan, a equipa jurídica de SBF solicitou uma prorrogação até sexta-feira, 21 de abril de 2023, para cumprir as suas ordens. O pedido de prorrogação é o terceiro apresentado pela defesa desde a ordem inicial em 28 de março de 2023; prorrogações anteriores foram concedidas em 4 e 11 de abril.
O juiz Kaplan aprovou o pedido, e até que uma solução de trabalho possa ser encontrada, os advogados de Bankman-Fried pediram que seus pais pudessem continuar usando seus telefones celulares existentes.
“Estamos otimistas de que encontramos uma solução, mas precisamos realizar mais testes no software de monitoramento até o final desta semana para confirmar suas capacidades”, informaram os advogados.
*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.
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