Como uma corretora da Coreia do Sul atropelou as concorrentes e se tornou a segunda maior do mundo

Upbit ultrapassa Coinbase e só fica atrás da Binance; exchange tem sido utilizada para manobras de short squeeze, que tentam forçar liquidações no mercado de derivativos
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Upbit é a maior corretora da Coreia do Sul (Foto: Shutterstock)

Com a Binance na defensiva em diversas grandes economias, esquenta a briga pelo pódio do mercado de corretoras centralizadas de criptomoedas, que passa por frequentes mudanças desde o derretimento da então vice-líder FTX em novembro do ano passado.

Após breves períodos em que Coinbase e OKX ocuparam o posto de vice-líder, agora quem mais parece estar se aproveitando do momento é a Upbit, a maior exchange da Coreia do Sul. Em julho, ela passou as concorrentes e agora ocupa a segunda posição no setor de forma inédita.

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Os dados são de um relatório da CCData, divulgados em reportagem do portal CoinDesk. Eles apontam que a Upbit teve um crescimento de 42,3% no volume de negociações de criptomoedas no mês, atingindo US$ 29,8 bilhões (R$ 145 bilhões). 

Nesse mesmo período, a americana Coinbase teve uma queda de 11,6% e registrou volume de US$ 28,6 bilhões (R$ 139 bilhões); já a OKX registrou recuo de 5,8% e ficou em US$ 29 bilhões (R$ 141 bilhões).

A Binance ainda ocupa a primeira colocação, com uma larga vantagem. O volume transacionado em julho foi de US$ 208 bilhões, um número que em reais chega ao patamar de R$ 1 trilhão. 

Mas ainda assim a corretora fundada por Changpeng “CZ” Zhao viu seu domínio de mercado cair pelo quinto mês consecutivo, sendo agora de 40,4%. 

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Plataforma para short squeeze

A Upbit tem sido um local no qual muitas vezes as compras e vendas de criptomoedas são feitas com valores altamente diferentes do restante do mercado, o que pode ser um indício de que a exchange é usada para ações de short squeeze pela necessidade de criação rápida de liquidez ou na exploração de alguma brecha.

Usando o chamado short squeeze, os traders aumentam a procura do token e, consequentemente, o preço. Isso faz com que investidores que apostaram no mercado de derivativos contra a moeda tenham que liquidar suas posições se o ativo chega em um determinado valor.

No início de julho, poir exemplo, a criptomoeda Aptos (APT) teve uma alta de 10% por conta de manobras financeiras feitas na Upbit. Traders utilizaram a corretora sul-coreana para ensaiar um ‘short squeeze’ e elevar o preço do token, aproveitando que prêmio na negociação era de 5%.

Fato semelhante parece ter ocorrido com o Bitcoin Cash (BCH) no final de junho. Dados do CoinGecko mostram que o volume de negociação de 24 horas do par BCH/KRW na Upbit alcançou os US$ 685 milhões, o dobro do volume de negociação do BCH na Binance.

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Outro exemplo recente é o token da Curve, plataforma de DeFi que sofreu um ataque hacker no dia 30 de julho. A criptomoeda nativa Curve (CRV) era negociada a US$ 0,62 no agregador do CoinMarketCap, mas na Upbit a venda era feita com uma taxa premium que deixava o valor em US$ 0,81, que era 55% mais caro. 

Diante disso, a UpBit resolveu suspender os saques e depósitos da Curve. “Hoje foram identificadas vulnerabilidades em alguns dos pools de stablecoin da Curve. Em decorrência disso, o ativo Curve (CRV) está apresentando alta volatilidade, por isso, pedimos que tenham cautela ao investir. Para garantir o suporte seguro, os serviços de depósito e retirada do Curve (CRV) serão temporariamente suspensos”, escreveu a corretora em nota aos clientes.