Como jogadores conseguem se sustentar com os jogos que pagam com NFTs?

Jogos play-to-earn movidos por NFTs estão revolucionando o mundo dos jogos e muitos jogadores agora se sustentam jogando Axie Infinity
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Foto: shutterstock

Ao longo do histórico de 50 anos dos videogames, ele têm sido encarados como uma distração, algo para desligar a mente após um longo dia de trabalho.

Mas agora, uma nova geração de videogames está usando tecnologias blockchain, como tokens não fungíveis (ou NFTs, na sigla em inglês), para recompensar jogadores com criptomoedas.

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Em alguns países, esses jogos “play-to-earn” (ou “jogue para ganhar”) já estão permitindo que jogadores se sustentem jogando videogames, com programas de bolsa e academias surgindo para ajudar jogadores a navegarem por esse novo mundo estranho.

Embora alguns deram as boas-vindas ao advento de jogos play-to-earn, argumentando que permitem que usuários recebam recompensas por uma atividade que, anteriormente, teriam feito de graça, muitos jogadores expressaram inquietação sobre a intrusão indesejável do comércio no escapista mundo dos jogos.

O que são jogos play-to-earn?

Basicamente, jogos play-to-earn são videogames em que o jogador pode receber recompensas com valor no mundo real.

Embora as pessoas estejam ganhando dinheiro ao jogarem videogames há muitos anos por meio de práticas como “cultivo de ouro” (ou “gold farming”, em que adquirem moedas fictícias que podem ser convertidas em dinheiro em espécie) e mercados não oficiais para itens de jogos, o surgimento da tecnologia blockchain e dos NFTs mudou o jogo.

NFTs são tokens criptograficamente únicos que podem ser usados para comprovar propriedade de conteúdos, como imagens ou músicas. Em jogos blockchain, NFTs permitem que usuários possuam itens dos jogos, como roupas ou terrenos virtuais.

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Decrypt Learn: What Are Non-Fungible Tokens (NFTs)?

Diferente de jogos comuns, onde itens de jogos são armazenados e isolados em redes de dados e pertencentes à empresa que criou o jogo, NFTs permitem que jogadores possuam os ativos exclusivos que adquiriram.

Além disso, ao possuir o NFT, você pode vendê-lo livremente fora da plataforma onde foi criado, algo que é impossível em jogos comuns.

Isso significa que NFTs que representam itens de jogos podem ser negociados e vendidos por moedas fiduciárias em qualquer mercado NFT. Já que esses NFTs são escassos, têm valor no mundo real.

Em jogos tradicionais, não existe incentivo para jogar além de pura diversão.

A relação é unilateral: você paga pelo jogo e, a menos que você seja um jogador profissional de e-sports ou um streaming com um grande número de seguidores, você nunca poderá monetizar o tempo jogado.

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Em contrapartida, jogos blockchain oferecem aos jogadores a oportunidade de ganhar dinheiro de verdade.

Já que a tecnologia blockchain permite que usuários transacionem de qualquer lugar, jogadores podem transferir valor e serem pagos por jogar, independente de quem são ou onde estão no mundo.

A ascensão do modelo play-to-earn

O maior jogo play-to-earn até agora é Axie Infinity, um jogo de batalha de monstrinhos no estilo Pokémon lançado em 2018 pelo estúdio independente Sky Mavis.

O jogo faz com que jogadores colecionem criaturas em desenho chamadas de Axies, representadas por NFTs. Cada Axie possui forças e fraquezas únicas e jogadores podem se aventurar, batalhar e criar seus Axies ao longo do jogo.

Jogadores podem ganhar tokens Smooth Love Potion (SLP) como recompensas pelas batalhas enquanto tokens Axie Infinity Shard (AXS) são usados para votar em decisões relacionadas ao jogo e seu futuro desenvolvimento.

Axie Infinity permite que você colete monstrinhos fofos para colocá-los para lutar (Imagem: Axie Infinity)

Com 2,8 milhões de usuários diários e um volume total negociado de US$ 3,8 bilhões, Axie Infinity se tornou um dos dominantes jogos play-to-earn e, em países como as Filipinas e a Indonésia, as pessoas estão jogando o que está sendo um ganha-pão para suas famílias.

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Programas de “bolsas Axie”, como o oferecido pelo Yield Guild Games, também surgiram, permitindo que donos de Axies emprestem seus NFTs para outros jogadores.

Jogos play-to-earn também estão ajudando na adesão das criptomoedas. De acordo com Aleksander Leonard Larsen, cofundador do Axie Infinity, metade dos jogadores nunca haviam usado qualquer tipo de aplicação cripto antes.

No entanto, existem custos para jogar e, antes de você começar, você precisa adquirir três NFTs Axie – e cada um deles pode custar centenas de dólares. Larsen reconhece os desafios de integrar novos jogadores: “É muito difícil começar a jogar Axie no momento”.

Para resolver esse problema, Axie planeja lançar Axies gratuitos com potencial de ganho limitado para dar a novos jogadores uma amostra do jogo.

Outros projetos play-to-earn estão surgindo no mercado com elementos de Finanças Descentralizadas (ou DeFi).

Aavegotchi, uma startup experimental financiada pelo mercado monetário DeFi Aave, permite que jogadores façam o staking de aTokens dentro de criaturas em desenho representadas por NFTs, ou seja, cada Aavegotchi gera rendimentos no Aave.

A indústria tradicional de jogos também ficou atraída pela possibilidade dos NFTs e do modelo play-to-earn.

A gigante empresa francesa de videogames Ubisoft já anunciou planos da Ubisoft Quartz, uma plataforma que permitirá que jogadores ganhem e adquiram NFTs, desenvolvida no blockchain Tezos.

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Mas outras publicadoras que se envolveram com NFTs foram alvo de furiosas críticas de games, conforme GSC Game World, criadora do jogo S.T.A.L.K.E.R. 2, abandonou seus planos de incluir NFTs em um jogo após uma campanha no Twitter feita pelos jogadores.

https://twitter.com/Ubisoft/status/1468264199876923394

Alguns jogadores, já irritados com a monetização de jogos pela publicadora por meio de modelos “pay-to-win” (ou “pague para ganhar”) e “lootboxes” (ou “caixas de recompensa”), consideram play-to-earn como um passo muito além.

Argumentam que a apresentação de modelos e incentivos econômicos do mundo real irá tornar jogos de uma busca escapista para um setor de “investo-entretenimento” puramente capitalista.

Mas conforme investimentos de grandes nomes como FTX e Andresseen-Horowitz (a16z) entram no setor play-to-earn, não demonstra sinais de que irá desacelerar em breve.

Futuros jogos play-to-earn

Um crescente número de projetos blockchain estão analisando o setor play-to-earn. Talvez o mais notável seja a série de avatares NFT Bored Ape Yacht Club (ou BAYC), que anunciou um futuro jogo play-to-earn em seu roteiro de desenvolvimento (ou “roadmap”) mais recente.

Outra grande coleção NFT com planos de lançar um jogo blockchain é The Forgotten Rune Wizard Cult, que anunciou uma parceria com a desenvolvedora de metaverso Bisonic.

O projeto planeja usar um modelo “create-to-earn” (ou “crie para ganhar”), em que a comunidade irá gerar uma tradição do jogo e personalizar NFTs em troca de recompensas.

Apesar de a semântica se diferenciar um pouco, não há dúvidas que os magos irão jogar em um mundo onde poderão ter terrenos, colecionar recursos, criar itens, emitir NFTs e ajudar a desenvolver o mundo virtual em seu entorno.

Loopify é um colecionador NFT renomado, escritor e criador que, recentemente, tuitou que 2022 será “o ano do setor de jogos blockchain”.

Ele está apostando nessa ideia, desenvolvendo o enorme jogo play-to-earn de interpretação de personagens on-line e em massa para multijogadores (ou MMORPG) Treeverse.

Parecido com títulos clássicos, como Runescape, Treeverse permitirá que jogadores troquem ativos do jogo, como NFTs, além de recompensá-los por jogarem.

Atualmente, Treeverse ainda está na fase alfa pública, conforme a equipe continua refinando a arte do jogo, inspirada pelo design minimalista de títulos como Jorney, The Legend of Zelda: Breath of the Wild e Valheim.

Recentemente, a Loopify apresentou Timeless, uma coleção de 11.111 personagens que serão distribuídos gratuitamente no Treeverse para holders de NFTrees.

Entrando para o metaverso

Desenvolvido paralelamente aos jogos play-to-earn está o metaverso, um mundo virtual e compartilhado em que usuários interagem como avatares, se reúnem trabalham juntos e, é claro, jogam.

Blockchain, criptomoedas e NFTs estão bem presentes nos planos do metaverso, conforme objetos e terrenos virtuais são representados por NFTs.

Plataformas de metaverso, como The Sandbox, Decentraland e CryptoVoxels estão levando NFTs ao mundo virtual compartilhado enquanto empresas tradicionais, como o Facebook (agora chamado de Meta), Adidas e Samsung já foram atrás de seu lugar no metaverso.

Apesar de ainda estarmos nos estágios iniciais do que o metaverso pode ser, já estamos vendo shows ao vivo e reuniões acontecerem.

Jogos vêm a seguir e, por conta da promessa de um mundo interoperável do metaverso e NFTs permitindo que itens sejam movimentados entre plataformas do metaverso, podem atuar como uma catálise poderosa para os jogos play-to-earn.

No futuro, o que não se poderá negar é o poder do play-to-earn, onde qualquer pessoa de qualquer lugar tem a chance de ganhar seu sustento simplesmente ao interagir com jogos que gostam.

*Traduzido e editado por Daniela Pereira do Nascimento com autorização do Decrypt.co.