A assessoria de imprensa de Claudio Oliveira, fundador do grupo Bitcoin Banco, divulgou na tarde desta sexta-feira (12) que o empresário teria comprado um banco digital chamado Audax Bank. “O Audax Bank é uma instituição regulada pelo Banco Central e funcionará como todos os bancos digitais em operação no país”, diz o texto.
Consultado, porém, o Banco Central afirmou ao Portal do Bitcoin que não há nenhum registro da instituição nem como banco nem como fintech. É possível que se trate apenas de uma empresa ligada à uma instituição financeira.
Não há qualquer tipo de informação sobre o Audax Bank, exceto pelo site. Conforme o Registro Br, o domínio foi criado no dia 10 de julho de 2019 por Ibrim Antonio Neto, cujo email consta como sendo do Bitcoin Banco.
Não se sabe ainda de quem a empresa foi comprada. Questionada, a assessoria de imprensa do Bitcoin Banco disse que não falaria sobre o assunto. Também não foi divulgado nenhum tipo de detalhe sobre o CNPJ da instituição.
O comunicado informa que o “banco digital começará a funcionar no dia 5 de agosto” e que não é parte do GBB. O objetivo é que a nova instituição seja “peça chave para normalizar os saques das exchanges Negociecoins e TemBTC”, diz o texto. Desde o dia 17 de maio os saques estão travados nas corretoras.
Ainda segundo a nota, os clientes das exchanges do GBB que tiverem conta no Audax Bank não pagarão a comissão de 0,9% cobrada sobre saques enviados aos demais bancos. Terão apenas uma tarifa de R$ 9,90.
Banco ou não?
De acordo com a diretora-executiva da Associação Brasileira de Fintechs (ABFintechs), Ingrid Barth, a compra de um banco é um processo complicado que demora meses para receber a autorização do BC.
“Fintech não necessariamente tem licença de banco digital e pode não ser ainda regulada pelo Banco Central. Para de fato pedir para se tornar regulada, como arranjo de pagamento, por exemplo, precisa bater limites estabelecidos pelo BC, como número de clientes ou R$ 500 milhões de movimentação mensal. O Banco Central enxerga que dessa forma a instituição precisa estar regulada porque começa a ter mais risco sistêmico”, disse a especialista.
Conforme o Banco Central, não há na regulamentação atual uma previsão de modalidade institucional banco digital. “Essa denominação tem sido utilizada por alguns bancos comerciais ou múltiplos para descrever a forma de relacionamento com seus clientes, isto é, em meio digital”.
Entenda a crise do Bitcoin Banco
Desde o dia 17 de maio que o Bitcoin Banco vem segurando os saques de clientes. A empresa afirmou que essa crise ocorreu devido a uma invasão hacker, a qual gerou R$ 50 milhões de prejuízo.
O GBB disse por meio de seu presidente à época, Cláudio Oliveira, que alguns clientes mal-intencionados teriam efetuado saques duplos. A empresa chegou até a levar o caso à polícia.
A Justiça do Paraná, por meio da 25ª Vara Cível de Curitiba, mandou intimar as empresas do grupo econômico, formado pela CLO participação e investimentos S/A; Grupo Bitcoin Banco; as exchanges Negociecoins e TemBTC entre outras a apresentar um documento produzido por uma auditoria externa independente a fim de atestar as supostas fraudes praticadas pelos requeridos.
Além disso, os saques suspensos motivaram aqueles investidores que não puderam ter acesso ao seu dinheiro e a tampouco às suas criptomoedas a entrarem com ações judiciais.
Em um dos casos, a Justiça chegou a encontrar 11 carros de luxo pertencentes a outras empresas Cláudio Oliveira.
Numa outra ação, a Justiça mandou bloquear quase R$ 6 milhões das principais empresas do grupo. Contudo, as contas estavam vazias. O valor bloqueado foi de R$ 130 mil, sendo R$ 122 mil na BAT exchange.