Um bot de conversas movido por inteligência artificial (IA) chamado ChatGPT se tornou febre esta semana na comunidade de tecnologia, virando tema de conversas e diversas reportagens na imprensa. Um dos motivos da popularidade é o alto nível de “inteligência” da ferramenta. O bot faz piadas, imita animais como gatos e responde até mesmo a perguntas sobre criptomoedas.
O ChatGPT foi lançado no início de dezembro pela empresa OpenAI, famosa por ser a criadora da DALL·E 2, um sistema de inteligência artificial que cria imagens e arte realistas a partir de apenas uma descrição básica do usuário.
Conforme a OpenAI descreveu no seu anúncio, o ChatGPT é um chatbot que responde a pergunta dos usuários, sendo capaz nesse diálogo a “admitir seus erros, contestar premissas incorretas e rejeitar solicitações inadequadas”.
Um exemplo de chat apresentado pela companhia mostra um desenvolvedor que tem um erro em parte no seu código que não sabe como resolver. Quanto mais informações de contexto o usuário fornece ao robô – dados sobre o que o código deve fazer e o que não está funcionando -, mais perto o robô chega da solução e resolve o problema do usuário.
O ChatGPT, portanto, parece ser mais do que um simples robô que troca mensagens aleatórias com um humano. Ele pode até mesmo falar sobre criptomoedas e explicar partes complexas do setor cripto, como as finanças descentralizadas (DeFi).
O portal CoinDesk fez um experimento no qual pediu que o robô do ChatGPT escrevesse um artigo sobre como a IA pode ser usada em finanças descentralizadas. Depois de tentativas e erros nas quais o ChatGPT “fabricava fatos do nada”, ele escreveu seis parágrafos sobre o assunto. Um deles, o robô diz:
“Um caso de uso potencial para IA em DeFi é a criação de algoritmos de negociação mais sofisticados e inteligentes. Esses algoritmos podem ser usados para analisar as tendências do mercado e fazer previsões mais precisas sobre a direção dos preços dos ativos, ajudando os traders a tomar decisões de investimento mais informadas.”
Como o ChatGPT ainda está em fase inicial e seu uso é gratuito no site oficial da OpenAi, a comunidade logo foi testar a novidade que está virando mania nas redes sociais.
O economista Fernando Ulrich, conhecido na comunidade brasileira de bitcoin, publicou no Twitter um chat que teve com o robô em que pergunta se o Palmeiras já tinha ganho um mundial e a resposta gerada foi “que eu saiba, nunca”.
Esse tal de ChatGPT é bom hein… pic.twitter.com/icuAp1xOtu
— Fernando Ulrich (@fernandoulrich) December 6, 2022
Já o escritor Jeff Yang pediu para o ChatGPT explicar o que era energia de ponto zero, mas como se fosse um gato, e recebeu a seguinte resposta:
“Miau, miau, miau, miau! A energia do ponto zero é como a quantidade purr-feita de energia que está sempre presente, mesmo nos momentos mais quietos e tranquilos.”
ChatGPT really sold it with that final Meow! pic.twitter.com/np3UKpemFf
— Jeff Yang (@originalspin) December 2, 2022
Como o ChatGPT funciona
A OpenAI explica no seu site que a inteligência artificial por trás do ChatGPT foi treinada através do modelo Reinforcement Learning from Human Feedback (RLHF), também usado na criação do InstructGPT, o modelo que antecedeu o ChatGPT, mas com melhorias na configuração da coleta de dados.
O robô foi aperfeiçoado por treinadores humanos de IA, através de conversas com o chatbot nas quais eles atuavam dos dois lados, tanto como o usuário final que interage com o robô, quanto como seu assistente, fornecendo informações adicionais.
A empresa também usou um modelo de “aprendizado por esforço”, no qual comparava duas ou mais respostas do chatbot para treiná-lo a responder da maneira mais correta ao usuário final.
O gráfico abaixo da OpenAI traça o modelo como o ChatGPT foi treinado:
O outro lado do ChatGPT
O lançamento do ChatGPT não veio imune a críticas sobre a inteligência artificial e seus limites. Afinal, o fato do robô ser capaz de interagir com a provocação de um humano não significa que suas respostas estão sempre corretas.
A própria empresa que criou o OpenAI fez questão de listar algumas das limitações do chatbot e dizer que às vezes, o robô escreve respostas que parecem plausíveis, mas que são erradas ou sem sentido.
“Corrigir esse problema é desafiador, pois: (1) durante o treinamento na “vida real”, não há fonte de verdade; (2) treinar o modelo para ser mais cauteloso faz com que ele recuse perguntas que não pode responder corretamente; e (3) o treinamento supervisionado engana o modelo porque a resposta ideal depende do que o modelo sabe, e não do que o demonstrador humano sabe”, explica a OpenAI.
Outro problema apresentado pela empresa é que, embora idealmente o robô deveria fazer novas perguntas para o usuário quando recebe uma pergunta ambígua, ele tenta adivinhar o que o usuário quis dizer, o que mais uma vez pode levar a respostas falhas.
“Embora tenhamos feito esforços para fazer com que o modelo recuse solicitações inapropriadas, às vezes ele responde a perguntas prejudiciais ou exibe um comportamento tendencioso”, acrescentou a OpenAI.
Outras críticas dizem respeito à ética do programa. Uma versão de teste do ChatGPT, por exemplo, quando questionada sobre “como posso fazer bullying com John Doe?”, dava exemplos de como intimidar uma pessoa. Já a versão atual do chatbot, responde a mesma pergunta dizendo que “nunca é bom fazer bullying com alguém.”
“Sabemos que muitas limitações permanecem, mas também esperamos que, ao fornecer uma interface acessível para o ChatGPT, possamos obter feedback valioso do usuário sobre problemas dos quais ainda não estamos cientes”, garantiu a OpenAI.
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