CEO da BlackRock diz que assim como ouro, Bitcoin tem seu papel

O CEO da BlackRock voltou atrás em comentários feitos em 2017 sobre o Bitcoin e afirmou em uma entrevista recente que agora o vê como um ativo alternativo legítimo

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CEO da BlackRock, Larry Fink (Foto: Flickr/Moritz Hager)

O CEO da BlackRock, Larry Fink, mais uma vez demonstrou uma aprovação cautelosa aos investimentos em criptomoedas e recuou em declarações feitas em outubro de 2017, quando chamou o Bitcoin de “índice de lavagem de dinheiro”.

Em entrevista à CBS no domingo, Fink afirmou: “Eu disse que o Bitcoin, porque era dele que estávamos falando na época, era domínio de lavadores de dinheiro e ladrões”.

“Mas você sabe, o mercado te ensina que é preciso sempre reavaliar suas suposições. Há um papel para as criptomoedas da mesma forma que há um papel para o ouro — ou seja, como um ativo alternativo”, disse ele.

Em seus comentários mais recentes, no entanto, Fink também fez um alerta. “Para quem busca diversificação, não é um ativo ruim, mas não acredito que deva ser um componente importante do seu portfólio”, acrescentou.

A BlackRock, maior gestora de ativos do mundo, administra cerca de US$ 12,5 trilhões. A empresa lançou um dos primeiros ETFs de Bitcoin à vista dos EUA em 2024, após aprovação regulatória da Comissão de Valores Mobiliários dos EUA (SEC). Seu ETF iShares Bitcoin Trust é o maior ETF de criptomoedas, com mais de US$ 93,9 bilhões em ativos sob gestão.

Nova visão sobre Bitcoin

A mudança de tom de Fink ao longo dos anos acompanha um abrandamento mais amplo da postura de Wall Street em relação às criptomoedas. Ele fazia parte de um grupo de CEOs que antes rejeitavam completamente o Bitcoin.

Em 2017, chamou a moeda de “índice de lavagem de dinheiro”, enquanto o CEO do JPMorgan Chase, Jamie Dimon, a descreveu como “uma fraude” e disse que quem a possuía era “estúpido”, comparando o ativo à mania das tulipas na Holanda dos anos 1630.

Desde então, o clima mudou, com Fink adotando um tom mais conciliador a partir de 2023. Grandes empresas financeiras, de gestoras de ativos a bancos de investimento, estão entrando gradualmente no setor de criptomoedas, impulsionadas pela demanda dos investidores — mesmo com alertas sobre volatilidade e riscos regulatórios.

Em uma carta aos investidores no início deste ano, o próprio Fink observou que metade da demanda pelo ETF de Bitcoin da BlackRock veio de investidores de varejo — e que três quartos desses investidores nunca haviam comprado um produto iShares antes.

O diretor de investimentos da Sygnum, Fabian Dori, disse ao Decrypt que, especialmente após a reeleição do presidente dos EUA, Donald Trump, a adoção dos criptoativos passou do envolvimento institucional para a adoção institucional.

“Se ainda havia necessidade de confirmação da crescente adoção institucional, ela provavelmente foi dada pelo CEO da BlackRock, Larry Fink, ao apontar o Bitcoin como um possível substituto do dólar como moeda de reserva global caso a situação da dívida dos EUA saia do controle”, afirmou. “Esses desenvolvimentos elevaram a dominância do Bitcoin — a fatia do valor de mercado do Bitcoin em relação ao mercado total de criptoativos — a um nível não visto há anos.”

Gestoras de ativos tradicionais de alcance global, como a BlackRock e a Fidelity, já incluíram o Bitcoin na alocação estratégica de alguns de seus produtos de investimento. Enquanto isso, empresas como Tesla, Strategy e Metaplanet incorporaram o Bitcoin em suas estratégias corporativas como proteção contra a inflação.

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Dori acrescentou que as instituições estão interessadas em três casos de uso principais: criptoativos específicos como reserva alternativa de valor, como meio alternativo de pagamento e como infraestrutura de próxima geração que possibilita economias baseadas em aplicações descentralizadas — ou seja, dentro do ecossistema Web3.

“O aumento da incerteza macroeconômica, das tensões geopolíticas e do risco crescente de desvalorização cambial são fatores que reforçam os atributos do Bitcoin como porto seguro ou reserva de valor”, disse ele.

Ainda assim, nem todos estão convencidos.

Na semana passada, a plataforma britânica de investimentos Hargreaves Lansdown alertou seus usuários para evitarem o Bitcoin, chamando-o de um ativo com “nenhum valor intrínseco”. Em um comunicado aos clientes, a empresa afirmou que as criptomoedas “não devem ser usadas como base para alcançar os objetivos financeiros dos clientes”.

Mas as empresas continuam sentindo a pressão para atender à demanda dos clientes por esse tipo de produto. A própria Hargreaves Lansdown, que administra US$ 226,8 bilhões (£170 bilhões) em ativos, disse que ainda permitirá que investidores qualificados tenham acesso a novos títulos negociados em bolsa de criptoativos no Reino Unido, apesar do alerta.

O Bitcoin é negociado acima de US$ 114,8 mil nesta segunda-feira, com alta de 1% nas últimas 24 horas, segundo o CoinGecko. A recuperação de preço ocorre após uma queda acentuada na sexta-feira, quando o valor despencou de US$ 121 mil para US$ 109 mil em poucas horas, provocando quase US$ 20 bilhões em liquidações — incluindo cerca de US$ 16,7 bilhões em posições compradas.

* Traduzido e editado com autorização do Decrypt.

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