“Não consegui sacar na Blaze e dois dias depois sumiram com todo meu saldo”

Cassino online que patrocina o Botafogo e o canal do Youtube de Felipe Neto vem sendo acusado de roubar os próprios clientes
Jovem empresário cansado esfregando o olho

Foto: Shutterstock

“Entrei para sacar na Blaze e cadê meu saldo? Sumiu. Fui falar com o suporte e me falaram que eu joguei todo saldo”. O relato de Antonio Capatto, 38 anos, auditor fiscal que mora na cidade de São Paulo, vem se tornando cada vez mais comum sobre o cassino online que estampa a camisa do Botafogo e patrocina o canal do influencer Felipe Neto.

Ele mostrou ao Portal do Bitcoin que, em junho, venceu uma aposta no Princess Starlight, um dos games da plataforma. Ao tentar sacar, o dinheiro não caiu na sua conta. O suporte da Blaze então pediu para que ele fizesse fazer uma verificação de documentos e enviasse até uma foto do cartão de crédito. O auditor fiscal cumpriu os pedidos, mas mesmo assim não teve o saque liberado. Dois dias depois o dinheiro não estava mais lá.

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Ao longo das últimas semanas, o número de reclamações contra a Blaze explodiu. Só nos últimos 6 meses são quase 9 mil queixas no Reclame Aqui. A reportagem conversou com alguns usuários da plataforma: todos relatam um mesmo padrão. O dinheiro, até então guardado na plataforma, subitamente desaparece, sendo exibido como gasto em em apostas que deram errado — sem que as pessoas tenham de fato feito qualquer operação.

Os clientes dizem também que, ao reclamar junto com suporte do Blaze, este alega que as operações foram realizadas pelos clientes ou por alguém com acesso ao computador ou à senha. Recomendam a troca dessa senha e reiteram que não podem fazer nada como reembolso ou estorno.

O auditor foi checar seu histórico de jogos e afirma que diversas apostas apareceram do nada. “Voltei no chat e falei que não era eu que tinha jogado e eles simplesmente falaram que eu devo ter passado a conta pra alguém ou algum hacker invadiu minha conta”, diz.

Capatto questiona o motivo de um hacker fazer a ação, já que o saque do dinheiro da plataforma só poderia ser feito para uma conta associada ao seu CPF.

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Para, ele o cassino mantém um sistema para zerar alguns dos ganhos obtidos por jogadores, roubando o seu dinheiro através de falsos jogos.

O Portal do Bitcoin procurou a Blaze para esclarecimentos sobre os casos, mas não teve retorno até a publicação desta reportagem.

Saldo zerado no cassino online Blaze

Caio Moreira, 32 anos, um empresário de Vitória, no Espírito Santo, contou à reportagem algo parecido. Sua estratégia era sempre depositar valores próximos a R$ 200, alavancar o máximo possível e sacar. Durante seis meses, ele conta ter jogado sem ter problemas.

Mas na segunda-feira (25), Moreira depositou R$ 200 e, cinco minutos depois, seu saldo estava zerado. Quando recorreu ao suporte, foi informado que teria jogado e perdido o dinheiro.

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Para provar seu ponto, Moreira mostrou seu histórico de jogos: sempre apostava no máximo 10% do valor da banca.

O empresário foi atendido na segunda (25) pelo suporte, que informou que “no caso, infelizmente não podemos te compensar pelo ocorrido. Recomendo que mude a sua senha, não use dispositivos de terceiros e também que tenha a certeza de sempre sair do site quando parar de jogar”.

Já na terça-feira (26), um atendente denominado Fabrício insistiu que a aposta foi feita por Moreira ou alguém com acesso à senha dele.

Quem pode ser responsabilizado?

Antonio Capatto, o auditor fiscal lesado, afirma que está tentando buscar responsabilizar a empresa, mas ainda não sabe qual caminho seguir. A Blaze tem sede em Curaçao e não tem representação no Brasil.

“Tentei Procon, estou tentando Justiça, porém não acha nem CNPJ dos caras, nada!”, afirma.

A representação no Procon foi contra a Latam Gateway, empresa que processou o depósito via Pix feito por Capatto. Trata-se da mesma empresa recentemente contratada pela corretora Binance para operar os pagamentos da exchange.

Perdas na Blaze

O jogador de futebol Marcelo Belagamba Brandão, 21 anos, também morador da capital paulista, também vive o drama de ver o saldo evaporado em jogos que ele diz não ter feito.

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Brandão solicitou às 1h33 do dia 15 de junho o saque de R$ 928. Às 12h10 do mesmo dia, foi informado que a quantia tinha sido depositada na sua conta na plataforma. No mesmo minuto, foi feito um jogo de R$ 300, com perda total. Um minuto depois, às 12h11, foi feito outro jogo, esse de R$ 1 mil, e novamente com perda total.

“Já cansei de falar com o suporte e eles sempre falam a mesma coisa [que alguém com a senha fez o jogo por ele]“, afirma o atleta.

Veja abaixo a sequência do pedido de saque, o retorno do dinheiro para a conta e as apostas feitas imediatamente após:

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