Imagem da matéria: Se o halving é bullish para o Bitcoin, por que o preço costuma cair logo em seguida?
Imagem criada por Decrypt com IA

O Bitcoin, a criptomoeda mais proeminente do mundo, atraiu uma atenção significativa devido à sua volatilidade de preços que pode gerar recompensas tentadores para os investidores. Mas duas coisas são certas no mundo cripto: halvings são bullish (eventos otimistas que geram altas), mas são com frequência são sucedidos por um inverno das criptomoedas.

Para entender melhor esses termos, no ecossistema Bitcoin, o “halving” é um evento pré-programado que reduz pela metade a recompensa paga pela mineração de novos bitcoins.

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Historicamente, esse evento tem sido visto como otimista para os detentores de longo prazo, que aproveitaram ganhos de cerca de 3.230% um ano após cada halving, de acordo com o Coingecko. Porém, logo após esse pico, o preço do Bitcoin geralmente passa por uma correção significativa de queda, mergulhando no que é frequentemente chamado de inverno cripto, com seu preço caindo em média mais de 80%.

A rede do Bitcoin passa por esse evento de halving — um mecanismo para controlar sua taxa de inflação e manter sua escassez ao longo do tempo — aproximadamente a cada quatro anos. O halving mais recente ocorreu em 11 de maio de 2020, reduzindo a recompensa do bloco para os mineradores de Bitcoin de 12,5 para 6,25 BTC. O próximo halving, que acontece agora em abril, reduzirá a recompensa de mineração para 3,123 BTC.

Leia também: Como saber o dia e hora que vai acontecer o halving do Bitcoin?

Em termos gerais, o hype do halving tende a durar cerca de um ano, seguido por uma grande correção no ano seguinte.

O primeiro halving ocorreu em 28 de novembro de 2012 e, em novembro de 2013, o Bitcoin sofreu um declínio significativo, despencando de US$ 1.130 para US$ 170 no mesmo ano — uma queda impressionante de 85%.

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O segundo halving, em julho de 2016, exibiu uma trajetória semelhante, com o Bitcoin atingindo US$ 20 mil em novembro de 2017 antes de cair para US$ 3.191 nos meses seguintes — uma queda de 84%.

Mais recentemente, o terceiro halving, em maio de 2020, levou o Bitcoin a um recorde histórico de US$ 68.789 em novembro de 2021, mas posteriormente caiu para US$ 15.600 em junho de 2022 — uma correção de 77%.

Por que o Bitcoin cai após o halving?

No passado, alguns eventos afetaram o desempenho do preço do Bitcoin em um nível fundamental, como o lançamento de contratos futuros de Bitcoin, a repressão da China ao setor de criptomoedas ou até mesmo os posts no X da Tesla sobre abandonar o Bitcoin como forma de pagamento. Mas, ao contrário desses eventos pontuais, o halving do Bitcoin é uma ocorrência programada regularmente.

Um possível motivo por trás das quedas pós-halving é a realização de lucros pelos investidores que mantiveram suas posições por um longo período, muitas vezes motivados pelo “Efeito Janeiro.”

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Os investidores acreditam que os preços das ações tendem a subir no primeiro mês do ano devido ao aumento da atividade de compra após a queda dos preços em dezembro. Isso é frequentemente atribuído à compensação fiscal, quando os investidores vendem ações perdedoras em dezembro para compensar as obrigações fiscais sobre ganhos de capital e depois as recompram em janeiro, aumentando a demanda e os preços.

É possível que os investidores considerem reequilibrar seus portfólios vendendo ativos de risco como o Bitcoin em dezembro e reinvestindo em ações em janeiro, que é tradicionalmente um mês de alta para as ações.

Outro fator significativo é o fenômeno da “capitulação da mineração”.

Durante sua temporada lucrativa, os mineradores acumulam Bitcoin e aumentam o hashrate (poder computacional) da rede. No entanto, chega um momento em que os mineradores precisam vender seus ativos para atualizar ou comprar mais equipamentos e permanecer competitivos ou mais lucrativos à medida que a rede se fortalece.

Embora não coincida necessariamente com o desempenho do preço, essa pressão de venda — juntamente com outros sentimentos de baixa no mercado — pode desencadear um efeito de bola de neve que pode levar à capitulação (venda de um ativo por um preço mais caro ao pago por sua aquisição) da mineração e a uma subsequente queda de preço. Quando isso ocorre, os mineradores vendem suas reservas e equipamentos não para se manterem competitivos, mas para permanecerem operacionais.

De acordo com dados do Bitinfocharts, o hashrate do Bitcoin caiu durante os últimos dois halvings. Mas, apesar dessas correções cíclicas, o Bitcoin tem demonstrado consistentemente sua resiliência e capacidade de se recuperar de quedas significativas.

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Como os traders de Bitcoin lidam com isso?

Em uma entrevista para a Bloomberg em 2022, o fundador e presidente da MicroStrategy, Michael Saylor, provavelmente o mais proeminente bitcoiner de toda Wall Street, declarou: “Se você for investir em Bitcoin, um horizonte de tempo curto é de quatro anos, um horizonte de tempo [médio] é de dez anos. O horizonte de tempo certo é para sempre”.

Saylor afirma que o Bitcoin é um bom investimento para aqueles que estão dispostos a mantê-lo por pelo menos entre um halving e outro.

“Se você observar ao longo de quatro anos, ninguém jamais perdeu dinheiro mantendo Bitcoin por pelo menos quatro anos”, disse ele.

Da mesma forma, os períodos de ultra-alta do Bitcoin, seguidos de grandes quedas e subsequentes períodos de alta, sugerem que não se trata de uma bolha especulativa. Em vez disso, trata-se de uma classe de ativos volátil que está gradualmente encontrando aceitação geral.

Em outras palavras, essas grandes correções são relativamente saudáveis para o Bitcoin, pois equilibram o humor dos investidores e evitam cenários semelhantes a bolhas que derrubam os preços até a total inutilidade.

Agora, já se sabe que o final do ano, após cada halving, historicamente marca o início de um inverno de criptomoedas, mas, olhando para um período de tempo mais curto, setembro particularmente é um mês de baixas para o Bitcoin.

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Esse desempenho ruim em setembro coincide com quedas semelhantes no mercado de ações, com o S&P 500 apresentando uma queda média de 0,7% em setembro nos últimos 25 anos — bem antes da existência do Bitcoin.

O “Efeito Setembro” é atribuído ao fato de os investidores dos EUA saírem das posições de mercado depois de voltarem das férias de verão para garantir ganhos ou perdas fiscais antes do final do ano.

Portanto, se for o caso, os investidores talvez queiram evitar comprar BTC em setembro ou por volta do Natal do mesmo ano de um halving.

À medida que o quarto halving do Bitcoin se aproxima, com o preço tendo recentemente recuperado US$ 72 mil, investidores e entusiastas antecipam ansiosamente as possíveis implicações.

A história sugere que uma correção após o halving pode estar no horizonte no próximo ano, mas as circunstâncias atuais diferem de qualquer um dos eventos que afetaram o Bitcoin como um ativo no passado. As regulamentações estão mais claras, Wall Street despejou bilhões de dólares em ETFs de Bitcoin, países investiram na criptomoeda e a rede está mais forte do que nunca.

Os traders de Wall Street costumam dizer que o tempo no mercado ganha do timing no mercado, mas para a comunidade do Bitcoin, o HODL é um estilo de vida. A decisão de quando comprar depende de você, mas, seja qual for a sua decisão, apresse-se: faltam apenas duas semanas para o halving.

*Traduzido por Gustavo Martins com autorização do Decrypt.